quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Cortisona

Olá cortisona personificada,

sim és tu quem tira anos de vida e

não há psicólogo que vá entender

esta confusão descarada.

Tanta preocupação com a água que tenho de beber,

arejar a casa, alimentar bem,

mas depois ligas a motoserra e cortas-me ao meio.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Fraca

Mais uma vez o blog pareceu abandonado,

mas ainda não morri, aliás deve ser bom sinal ele ficar parado,

andar longe da ponte é meu objetivo,

mas parece que ainda tenho um lugar cativo.

 

Lembram-se de quando a bateria ficava fraca

e em vez de carregarmos substituíamos as pilhas?

Ontem lembrei-me dessa palavra: Fraca.

E dei por mim a chorar por uma pilha fraca,

coisa que antes eu deitava fora sem pestanejar.

Ainda haviam as tretas de rolar na mão para aquecer e voltar a colocar.

Mas já deu o que tinha a dar.

Morreu. Aceita que dói menos.

Não irá ressuscitar.

Isso é só para as recarregáveis.

Eu tenho essa vantagem, eu sou recarregável.

E isto está longe de ser o fim. 

Pilhas alcalinas nunca mais.

Na melhor parte da música são fatais.


Escolheu despedir-se de mim e de tudo,

não por morte, mas por fraqueza,

deixando atrás luto 

e uma grande tristeza.

Mas eu vou recarregar,

agora até nem fio é preciso,

precisamos é de ter juízo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Sempre estimado

Este ano fez-me falta um pouco de neve,

um pouco de abraços

e um pouco de clima seco.

O blog entrou em greve

apesar dos espaços

em dias que mereço,

mas abusei dos descansos

e as ideias não vêm 

quando não as chamamos.

Hoje teimei e chamei.

Há que ressuscitar os nossos amados

e este blog sempre foi estimado.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Opto pela última

 Esta ilha é uma rua 

onde a minha vizinha é tua,

a tua namorada é minha prima,

a minha irmã é tua cunhada

e o teu pai é meu tio-avô,

e à beira da estrada

está o meu gato, que me segue para onde vou,

mas ele sabe que eu sei voltar,

a rua é demasiado pequena

para não me saber orientar.

 

Não dá para ficar perdida,

nem dá para passar desapercebida,

todos sabem a tua idade

pois ninguém tem a sua vida,

a vida é comum à comunidade.

 

Sabem quando socorrer,

e quando se intrometer.

E se ficarem confusos optam pela última.

E quando mal recebidos chamam-te estúpida.

"É só uma rua,

não tens de ficar lá para sempre,

muda-te, mas olha que há sempre uma serpente".

 

Eles sabem se o teu carro tem um arranhão novo.

Chamam-lhe perspicácia.

Eles sabem, e se não sabem inventam.

Chamam-lhe audácia.


Ficam à porta do café de cerveja na mão

à espera do meu boa tarde,

mas permanecem mudos

e se não o ouvirem:

"Lá vai a arrogante"

E eu penso:

"Lá estão os surdos ou antipáticos".

Opto mais pelo último. 


Sabem a que horas te deitaste:

"Aquela luz não havia forma de se apagar."

Sabem o quão bem respiraste:

"Ela foi sem máscara caminhar".

Sabem que estiveste em casa

e ainda assim não atendeste o telefone.

Sabem quem se atrasa

e quem grita com fome.

 

É engraçado ao inicio,

sentimos que em caso de perigo há quem socorra,

mas tudo tem prós e contras,

nem todos têm coração de bombeiro.

Há uma calmaria entre Novembro-Fevereiro,

mas ainda lhes valho,

só que o frio e o vírus também leva os cuscos ao tele-trabalho.

 

Tudo tem o seu tempo de rima, 

que mal há em ficar uns meses sem postar?

Descansa que entre abandonar-te ou ficar 

ainda opto pela última.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Paz aos pedaços

Ainda era novo,

mas esquecendo-se disso,  foi abrindo todos os comprimidos,

que tal como os seus medos, não estavam vencidos.

Foram receitados com atenção,

ouvidas as recomendações, e enfim na farmácia vendidos,

na esperança de comprar paz aos pedaços.

 

O cérebro também era novo,

mas esqueceu que só tomava metade por dia,

e lá foram quinze parar ao estômago,

que em pouco tempo lhe ardia.

Esse também era novo,

e uma lavagem atempada o renovaria,

mas ele não queria ser socorrido, 

a chave era só uma e ele a tinha consigo.

Àquela hora ninguém viria,

tal como ele também não devia.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Acabou-se o lado negro

Ficar sóbrio tornou-se uma doença,
então ele bebe.
Mas bebeu até beber ser outra doença.
E recentemente injecta,
e espera que o efeito aconteça.

E quando passa-lhe vem a doença,
a realidade doente.
Então ele liga ao dealer,
que é o seu novo doutor,
o herói que fica contente
por fazer-lhe esse favor,
mas a pequena dose heróica de "paz"
logo se desfaz,
e a sua euforia
é em breve urinada,
sendo substituída pela sobriedade tão odiada.

Mas é dela que depende toda a mudança.

Só quando sóbrio dá para identificar o problema
e então procurar a solução ideal.
Quando não dá sozinho procuramos alguém de confiança,
não um dealer interesseiro,
mas um amigo, um profissional.
Pode até não sentir confiança logo com o primeiro,
mas continue, a lista é grande.

Grande também terá de ser a coragem
para saltar o obstáculo apesar da lesão.
Começar do zero, com uma nova razão,
com o vício de ser feliz por conta própria,
e que viver seja suficiente para alcançar euforia.

A mesma pessoa que furou as próprias veias
tem de ter coragem para tal,
só precisa direccionar as ideias,
reavaliar qual a prioridade actual.

Acabou-se o lado negro, acabou-se a solidão.
Pedir ajuda não é fraqueza,
nem serão alvo de pena de certeza,
antes de admiração.

domingo, 3 de maio de 2020

Cuidar

Eu dizia estar pronta para dar-lhe um rim,
mas esqueci de dar-lhe atenção.

Dizia estar pronta para dar-lhe a comida que era para mim,
mas naquele momento não lhe dei a mão.

O arrependimento é forte,
mas o ódio é maior.
E a impotência do não poder voltar,
ir às profundezas da morte,
dizer qual o valor
do amor que eu tinha e não disse,
que eu tinha mas não fiz parecer,
que eu tinha, e achava ser claro em toda a ação,
mas sem pronunciar não há confirmação.

Alguns precisam dessa confirmação.
Talvez todos.
Digam, não é em vão,
digam o que fizeram, para onde vão,
se perguntam há preocupação.
Não é mexerico,
é cuidar,
é amar.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Pandemia

Feliz aquele que tirou férias no inicio do ano.
Azarado o que achava viajar este Verão.

Agora não há abraços,
não há beijos,
só emoções
e os traços
que montam smiles e corações.

Há mais amor acumulado,
se assim não fosse estaria esquecido,
então sorte a nossa
ele ser assim aquecido.

Há mais saudade acumulada
e mais valor dado a uma videochamada.
Mais consciência no toque
e a presença tanto acostumada
agora esgotou o seu stock,
quero comprar mais mas estou barrada.

Quero abraçar-te sem noção
de estar a dar-te todo o meu covid,
quero beijar-te sem noção
de estar a oferecer-te um convite
à maca e à solidão.

Mas agora há a obrigação do medo,
jamais poderá ser em segredo,
os amores mais permitidos são agora proibidos.

No meu caso pouco muda,
o meu amor será acumulado
e nunca entregue,
como um eterno medo de te passar um vírus
mesmo que sejas tu quem mo tenha passado.
Deste-me, mesmo distanciado e
por mais voltas, por mais giros
que dês à mente,
não imaginas a pandemia,
e sinceramente,
não me alivia
saber que lavar as mãos não me fará bem definitivamente...

Dantes sem medos, mandava sempre uma carta
que voltava por falta de entrega ao destinatário.
Mas, sem receio,
mandava novamente, em diferente horário,
mas seria assim eternamente,
então poupei o selo e o carteiro.

Agora continuo a escrever,
não precisas saber, só acumulo,
aquilo que no fundo,
sabes que não consigo esquecer.

terça-feira, 10 de março de 2020

Tradutora

Dizem ser lindo.

Identificam-se com algo que,
sendo difícil de descrever,
era o que realmente sentiam.

Como uma tradução da dor.
Que doía e não sabiam,
mas ao ler entendiam
que o amor
estava desperdiçado.

Dizem ser lindo,
ser talento,
juntar palavras para falar das dores,
como fazemos com os doutores,
o que também podem ser palavras ao vento.

A tradutora não é doutora,
ela não sabe curas,
nem sabe se quer ser curada.
Ela só traduz, não faz mais nada!

Vale a pena sofrer
para saber traduzir
o que outros gostarão de ler?
Mais vale fingir,
sem dar a perceber,
tirando ideias de traduções passadas,
tristezas arrumadas,
mofadas.
Ou essas são notadas
e então não apreciadas?

A tristeza tem vindo
e em vez de nos fazermos de mortos,
a abraçamos,
queremos saber quem é,
adicionar no facebook,
convidamos para tomar café,
admiramos o seu look,
falamos de casamento
e de filhos até.

Sim vários caberão na tradução,
vários são os corações que anseiam 
o click para agir
de acordo com um post, aposto.

Aí entra a responsabilidade.
A distância da ponta da ponte
ao fundo do oceano é um passo.
E que ideia eu passo?
A de quem se suicidará em breve?
Não me conhecem.
Eu estou em constante reconstrução da ponte.
O forte é esse.
O que usa martelo e pregos,
não o que usa haltéres.
Sou assim, não me alteres.

Usa t-shirt, assim não arregaças as mangas.
E nada de traduções livres.
Gosto das literais,
não me venham com tangas.
Sei muito bem quando me tentam enganar
com traduções ao lado.
Não dêem uma de Google
que acha que tudo compra,
que é tradutor.
Inteligência artificial hã? 
Mas não entende nem investiga
os motivos do autor.
Uma boa tradução tem muito que se lhe diga,
ainda mais quando se trata de amor.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Não hoje


Um dia vais-te esquecer de me acenar,
e achar que ao me ignorar tens mais a ganhar,
mas não foi hoje.

Um dia vou querer trabalhar e não poder,
um dia vou gritar e ninguém me vai socorrer,
mas não foi hoje.

Um dia, eu sei,  vou-te perder,
e em seguida vou perder as forças para viver,
mas ainda não foi hoje.

Um dia vou-me esquecer de respirar,
e vou lembrar ao coração para parar,
mas não foi hoje.

Um dia não terei nenhuma razão para estar contente,
um dia vou ficar só e dependente,
mas não hoje.

Um dia a minha cama sentir-se-á traída
por uma caixa de madeira e uma coroa florida,
mas não vai ser hoje.

Então o hoje está a ser perfeito.

Enquanto o dia não vem não acabou.

domingo, 16 de junho de 2019

Definitivamente

Quando feres
mostras que preferes
não pensar no que dizes,
e dizes o que talvez nem pensas,
mas a tua língua quer golpear.
Acha que deixa menos marcas que uma bofetada.

Pensas ser mais educado
do que quem mata à facada.

Como estás enganado!
Tua boca é tão mais afiada!
E não me dá só um golpe,
és desilusão que faz tabela no cérebro e no coração
e deixa cair aos poucos
o véu da minha cegueira que cobria os teus erros
e enterra a minha reputação.

Deixo a ingenuidade e tomo uma ação.

Não baixo mais a cabeça perante uma declaração.
Eu tenho valor,
e a minha palavra ainda tem mais.
Mas é um valor que tu não podes pagar.
Não há empréstimos a pedir,
não há jogos a ganhar.

Perdeste e perdeste definitivamente.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Gouveia's day

Sei que é um dia especial hoje
e que quer estejam no fundo do mar,
na terra ou no ar,
nunca estarão demasiado longe.

Obrigada por permitirem-me seguir de perto
este casamento quase maior de idade.
Desejo que continuem sempre a ser o vosso oásis no deserto,
que a alegria em vocês fique viciada
e que nada mude a vossa felicidade,
ou que apenas possa ser aumentada.

O sangue não está nas veias,
mas eu estou cá, num trabalho de estreias,
fazendo um pouco de tudo pelos Gouveia.
Com novos desafios, novos aprendizados,
onde orgulho e riso são meus aliados.

Sei a sorte que tenho.
E espero assim continuar.
Eu sempre venho,
não se preocupem se eu viajar.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

A morada é a mesma.

Trás a noite,
que ela esqueceu-se de surgir.
Ela esperou por ti.
Teimaste em não vir...

Já está assim por alguns meses.
O sol está gasto,
como o cérebro, que pouco descansa.
Faz da vida uma dança
emparelhada com as trevas internas,
que são as que aparecem.
E o excesso de luz exterior,
mesmo em pleno dia soalheiro, as arrefecem.

Não há calor que me aqueça.
Estás longe,
e assim dificultas a minha circulação.
Não há ninguém que me mereça,
então insistem em vão.
Só espero por ti
e pela tua escuridão.

A morada é a mesma.
Ainda te lembras, não é verdade?
Vem logo que possas,
e diz-me quando vens à cidade.
Para que eu possa contar cada dia,
como um prisioneiro esperançoso da liberdade.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Quarentena

Se és um vírus
vou já desinstalar o meu antivírus!

Demasiada protecção
tira o gosto do perigo.
Dá-me atenção!
Ouve o que eu te digo!

Desativei todos os meus escudos.
Atirei ao mar todas as minhas armas!
Nos oceanos mais fundos
não vão disparar ou causar dramas.

Desativei a consciência
para poder te amar.
Vou deixar assim até reiniciar.

Se amanhã estiver de quarentena...
Paciência!
Valeu a pena.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O tempo tem a razão

Fui para a mesma mesa.
Talvez não a mesma,
mas no mesmo canto.
Não fiz o mesmo pedido.
Não tinha dinheiro para tanto.

Lembro de certas frases,
risos, olhares,
que ainda hoje levanto
da memória para me visitares.

É a forma possível,
uma forma invisível
para comigo estares.
E fazes-me rir,
mesmo sem pestanejares.

Fazes-me sentir
especial sem o pronunciares.
Fazes-me também mal
mesmo sem falares.

Porque faz-me mal recordar,
mas faz-me mal esquecer.

Faz-me mal saber
que já não sabes respirar,
já não sabes sorrir,
já não sabes amar.

Mas acho que será pior
deixar a tua memória mofar
só para não pensar.

Algo que eu nem conseguiria realizar.

O tempo ajudará,
o tempo tem a razão,
e ele saberá levar a dor
mas não a recordação.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Acidente

Naquele acidente
fiquei viva por acidente.

Neste outro acidente
de colisão de corações,
onde morre-se facilmente,
também sobrevivi.

Recupero gradualmente
de tudo o que vivi
a teu lado, indiferente
a tudo o que senti
e deixei crescer.

A semente errada,
que fui aconselhada
a fazer morrer
tornou-se adulta,
mas infrutífera
e chegou a altura
de a cortar com moto-serra.
E deixo o toco,
mas não lhe toco,
e tu não cresças,
não apareças,
ou trituro-te a raíz
e acendo fogo.

Agora quero deixar morrer,
não por acidente,
mas por uma necessidade urgente.

sábado, 1 de dezembro de 2018

O teu lar

Era mais fácil dizer adeus.
Não quero sofrer,
não quero mais os teus
olhos nos meus sonhos.
Não quero mais o teu sorriso
no cérebro que não és dono.

Era mais fácil odiar.
Nunca deste razão para esperar,
nunca deste sinal de me amar.

Enterrei gatos, enterrei cão,
actualizei o cartão de cidadão,
mas nunca instalei a raiva e o rancor
por alguém a quem esperei
por um mínimo ato de amor.

Mudei de emprego,
de penteados,
de carros,
mas não mudei os sentimentos,
ainda que entretida com a vida.

O Inverno marcou sua presença,
e Outono, Primavera, Verão...
Mas não verão,
nenhuma estação,
em que chegues e, mesmo sem pedir licença,
venhas para o teu lar: o meu coração.

Seria fácil dizer para ficares,
seria difícil nessa hora,
como em qualquer outra,
pedir para não me procurares.
E se houver essa tentativa
só o perdão me invade
e se ainda me encontrares viva,
saberás que ainda não é tarde.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Os teus olhos









Ele tem o mar nos seus olhos.
Mar esse onde eu mergulho sem medo de perder pé.
Mar esse que me orgulho de ser acariciada por cada maré.

Todos os mares são reféns,
da mistura de azuis que tens!

Ficam como eu, indefesa
perante os oceanos, teus escravos.
E até o céu te suplica um pouco de turquesa
quando perde os seus encantos.

Tu tens todos os lagos,
as lagoas, as piscinas!
Afogo-me em ti e assumo os estragos
dessa beleza que me assassina.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Na miséria

A vida é minha amante,
e como amante recebe jóias, cheques
em troca de breves instantes.
Não é meu cônjuge,
não temos uma vida a dois,
nosso dia-a-dia não é trocado por sms,
e mesmo depois,
no fim de um dia desgastante
ela só exige o pagamento,
pois deixou tudo num restaurante,
e se eu quiser mais um suspiro
terei de pagar-lhe um montante.

Sei que é por interesse,
e já nem sei se a amo...
Roubo horas à minha almofada
e trabalho duro para mimá-la,
espero um carinho à chegada,
mas estou a estragá-la.
Essa mente vazia impossível de encher,
só sabe esvaziar-me e eu fico a ver.

Roubo tardes de domingo em família
invento desculpas, reuniões de emergência,
tudo para socorrer sua excelência!

Cumpro todos os caprichos da atrevida,
é desta que ela me recompensa?

Vou mudar de vida.
Talvez ela ame à sua maneira
mas não levará mais nada de mim, que estou na miséria.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Overdose

O que é droga?
Algo que vicia?
Depende da quantidade...

Algo que alucina?
Depende da intensidade...
Mas de ti só tive
uma pequena amostra
e o resultado está à mostra:
Uma viciada lunática
dependente do independente.
E como sou simpática
elegi-te meu presidente.

Chefe do meu estado,
sou a tua nação.
Quer queiras quer não,
comandas o meu estado de espírito,
direccionas o meu livre arbítrio
como a mais fiável bússola.
Decides onde eu devo ir
mas nunca levo cola
para me colar a ti.
Nosso dealer trata das encomendas
nas épocas de ausência.
Mas nada se compara à experiência
de te ter a dois metros de distância.

Se soubesses o quanto tudo é suficientemente insuficiente...
Com o tempo é normal ter de subir a dose,
mas cada pessoa é diferente
e eu reconheço o perigo de cair em overdose.

Então mantenho-nos saudáveis.
Porque saudade sem saúde
é o que nos ilude.

sábado, 1 de setembro de 2018

Errors

Our life is Vegas Pro.
Our love is Fruity Loops.
Our kisses are Virtual DJ.
Our smile is Photoshop.

My canvas is your face,
my paint brush is my imagination,
in the perfect relationship,
the perfect manipulation.

My life is Solitaire.
Your life is Free Cell.
Our enemies are our Hearts.
Our future is Minesweepers.

No time to play cards,
fail is our best art.
Even worse at Chess Titans...
I have no luck in my hands.

Can't wait to go Forward,
the Repeat button is broken,
crying is my current track,
again and again it Plays.

If only the Stop worked too..

Errors happen so often...
But man,
you'll never be one.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Ela

Ela saltou para o poço,
para não ouvir as ofensas.

Ela cortou os pulsos
mas ela só queria cortar os problemas.

Ela tomou todos os calmantes
mas ela só queria a vida que tinha antes.

Quando o veneno fez efeito
ela deu um término à vida.
Segundos depois já não o queria ter feito,
mas era para fugir duma dívida.

Ela fez um nó e derrubou a cadeira.
O chão com os pés procurou,
o rebentar da corda esperou.
Ela queria arranjar outra maneira,
mas a falta de amigos e família não ajudou,
e a corda era forte, ela própria comprou.

Chamavam-na louca,
mas a depressão não fora curada,
a loucura era pouca
ela estava era esgotada.

O nosso currículo vitae da vida
nem sempre fica
com as experiências que desejávamos,
mas se formos sinceros não as apagamos.
E se sobrevivemos a isso somos grandes.

Fique atento à sua volta,
há pedidos de socorro
mais subtis que muitas serpentes.
Existem pensamentos à solta,
inimigos da nossa mente.

Vidas podem ser salvas com um abraço, um sorriso.

Preocupe-se, ouça e aconselhe.
É sempre preciso.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Só tu és capaz

Podes vir,
a ti eu deixo.
Acalmas-me o avesso,
com a calma que eu mereço.

És só um ponto no universo,
mas és o meu ponto,
e vejo-te em ponto grande
e mesmo que em ponto morto
tua beleza, tua simplicidade...
Dão-me paz!

Uma paz capaz
de reciclar as coisas más.
Uma paz que com pás
enterra as coisas vãs,
aquelas que o coração salta ao pensar.

Também salta ao pensar em ti,
mas é um salto menos perigoso,
um salto esperançoso
de cair num bom pouso.

Vem,
tu que da paz és capataz
e a transbordas por aí!

É uma emergência!
Mexe-te rapaz!
Não tenho a tua paciência!
Traz o que te pedi:
A paz que só tu és capaz.

A paz que eu não sou capaz.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Proteção


"Quem vive de passado é museu."
Alguém disse.
Eu gostava de retificar:
Quem lucra com o passado é museu.
Mas já que eu não viso o lucro,
faço-o por voluntariado,
em algum dia livre, pela tarde,
como quem visita um parente acamado,
tentando esquecer a sua própria enfermidade.

Revivendo sorrisos impossíveis de viver na atualidade,
mas possíveis num futuro ainda não clareado.
E recuar é mais acessível
do que pensar num futuro cheio de instabilidade.
E o que mais temos de seguro senão o passado?

Já ficou muita coisa por dizer.
Mas é bom saber
que posso resumir tudo assim:
Sem ti não há antidepressivos eficazes!
Contigo não há problemas sem solução.
Não sei como fazes,
mas contigo é inútil que me atropele um camião!
E sem ti não há farmácia que me ajude!
Não há azar que não me procure...
Mas contigo suporto a falta de saúde!
Mas sem ti...
Não há casa de saúde que me cure!

Talvez sejas a minha imunidade,
apesar de toda a nossa imperfeição
acredito sempre no perfeito amor
e na perfeita amizade.
É possível criar uma proteção
imune ao que não é são.
Diz-me a verdade,
acreditas?

terça-feira, 22 de maio de 2018

Coragem

Já repararam que
quanto mais damos
menos direito temos a receber?
E quanto mais pedimos
menos vontade têm de nos dar?

E se só um silêncio ficar
na esperança que se lembrem de nós?
É ridículo,
mas sabes que se não for assim
somos os chatos.

Então esperamos.

Esperamos sem fé que aconteça.
Mas no fundo com esperança que nos surpreendam.

O maior ato de coragem
não é abrir o caixote do lixo
mesmo sabendo ter lá 4 baratas.
É viver à beira da margem
e sermos nós o próprio lixo
que não chegou à lixeira
porque os cães rasgaram
e agora até as formigas levam.
Resto dos restos no formigueiro coube,
e os ratos juntam-se
não importa o cheiro podre.

Assim acabo eu,
que sempre quis ser uma heroína.
Cheguei a querer ir para os bombeiros.
E inscrevi-me para os da base.
Mas queria ser uma a sério,
não a que salva um gato da árvore,
também não a que acaba no cemitério
após combate às chamas.
Queria ser uma mais duradoura,
mas que não salva só os que ama.
Não para ter alguém eternamente grato a mim,
mas para me sentir mesmo corajosa
e mais uma vez orgulhosa.
Não só quando componho
algo de que gosto.
O que não salva ninguém,
nem mesmo a mim!

Mas até o fim da vida ando à espreita,
à espera dessa oportunidade
de poder ajudar alguém,
mesmo que na verdade
eu seja a única que precisa ser resgatada.

Se não faltam motivos,
se não falta coragem,
se não faltam penhascos, rochas,
se não faltam facas,
se nem faltam drogas,
porque eu estou aqui?

Talvez por ti.

Mas e se eu te perder?

sábado, 19 de maio de 2018

Música


Uma música tem de nos fazer sentir
algo mais que vontade de dançar.
Dá bem mais que um bom ambiente,
faz mais que um chá quente!

Ás vezes sinto-me grata pela vida
às vezes penso no quão somos
donos de uma ingratidão sem peso,
mas a música pode ser a conselheira mais querida,
pode libertar o ser mais preso.

Ás vezes, se mal direccionada,
com uma letra degradante,
deixa alguém au-delà de emocionada,
mas ela só queria fazer-nos refletir,
com uma crua chapada 
mas nunca para deprimir,
nunca é sua intenção
pois ela quer-nos como um discípulo,
alguém que só tem ela como droga
e temos de aguentar a sua disciplina,
mesmo a emoção mais perigosa.

A música tem uma fé bem extensa.
Ninguém a vê, mas todos ouvem.
Alguns escutam,
outros só dançam,
uns criam, outros só cantam
e acham que são estrelas
mas a estrela é ela.

Entre amadores,
autodidactas
e formados
não há ateus.
Do clássico ao heavy metal
são todos teus
e tu és a sua heroína,
não uma assassina.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Blá blá

Sempre houve algo que me fez sorrir,
mesmo que só por um segundo.
Segundos negligenciados
ao mar atirados automaticamente.
Sorrisos roubados,
que afogo diariamente.

Até durmo,
mas anseio um maior sossego.
Não fumo,
mas sinto o coração negro,
e os pulmões cheios de algo que não é ar.
Não me peçam para falar!
Agradeçam a minha presença,
mas ignorem a minha sombra!
Dêem-me essa licença!
Onde será que se compra?

Estou exausta,
estou farta,
estou falsa,
e para ser real tenho de gritar,
tenho de chorar,
tenho de parar!
Criar outra realidade,
mudar o rumo antes da tempestade.

Ainda bem que não me suicidei!
Eu sei porque pensei
e tenho uma ideia do meu limite
mas antes que me precipite
há regras a relembrar:
é normal perder,
anormal é ganhar!
E nos dias que ganhamos,
que possamos
compensar os outros.

Só neste ano já aconteceram tantas coisas,
um misto de terríveis e maravilhosas,
mas afinal todos os anos são assim...

Eu sei que é tudo blá blá,
mas é um blá blá que esperança dá.
E se não der a mim que dê a ti.

E a cada um que está no poço,
ouça a mesma voz que eu ouço,
e que quero sempre ouvir.
A voz da música que nos toca o coração,
ou a imagem dos que nos amam,
do quanto seria depressiva a sua vida,
e porque fazer isso se gostamos tanto deles?
Não aguentamos por eles?
Não aguentamos por nós?

E deixa as bebidas,
deixa as drogas,
droga-te no amor,
na amizade,
nas tuas séries preferidas
e até nos doces,
mas não finjas que não ouves
o teu coração sorrir naquela musica do costume
que ouvirias toda a noite em alto volume
não fosse ilegal a tais horas.

Sei que pensamentos devoras
e onde te sentas a alimentá-los.
Onde te deitas a enxotá-los
e onde acordas a evitá-los.

Sei com quanto esforço vais trabalhar
e esperas as horas passarem
e os antidepressivos agirem.
E sei quantos te amam e querem-te ver ganhar,
e estou na fila da frente,
tenho um prémio para te entregar!

Tens coragem suficiente
para o vir buscar?

Não faço entregas
nem aceito negas.

Dois pontos fecha parêntesis


A minha música de hoje:



quarta-feira, 11 de abril de 2018

Faz o que quiseres

Diz aos presidentes,
aos reis, aos governantes
que tu és mais poderoso!
Tens uma escrava,
motorista, amante,
sem nada sair-te do bolso!

Diz-lhes que sem uma só palavra eu obedeço,
e cada capricho eu realizo!

E o que ganho?
Alguma atenção,
algum carinho
e muita indiferença.
Mas ainda acho ser boa recompensa.

Não terei uma autopsia tão bem feita
como a que me fazes em vida.
Mas fui eu quem te cedeu o bisturi
e disse "faz o que quiseres",
no teu olhar perdida
mesmo sabendo haver outras mulheres.

Diz a elas que há uma
que só não te ama eternamente
porque isso foge das mãos dela,
mas ama de uma forma ardente
como uma teimosa vela,
que sem pavio teima em arder.
Arde calmamente,
aquecendo cada sombra
até se enervar e tudo incendiar!
Menos a ti,
afinal quem sobra?
Tenho de conservar-te,
preciso de ti para me inspirar
enquanto tento inspirar.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Esfriou

O café esfriou.

Não acho que o sabor das lágrimas
fosse dar um bom paladar,
ou que o café fosse demasiado espesso
para o nó da garganta empurrar.

A saudade não passa,
talvez se arrume por momentos
numa gaveta regularmente aberta,
e por mais cansaço que haja
fico desperta,
por mais cafés que não beba,
sinto-me sem sono.

Sofri um roubo
de coisas que não te faziam falta.
A minha alegria,
o meu objetivo,
o ânimo,
a coragem.

Roubaste-mos e atiraste a um cerrado,
e anoiteceu, e eu ainda à procura.
E choveu, trovejou e fui da raiva à loucura.
Que de nada serviu,
então cruzei os braços
deixo as coisas arrefecer,
volto a aquecê-las,
quando não as estrago,
na esperança de mais tarde apetecer,
mas quando a mente está cheia engana o estômago.

O café ferveu.
O fumo que sai é quente
e faz imaginar o quão escaldante ele deve estar.
E faz recordar a nossa história,
onde gargalhadas ecoam,
quentes como o simples vapor,
que é uma sombra do café
forte e vulcânico
que era o nosso amor.

E eu fico a olhar,
a tentar reparar no que mudou,
porque esfriou,
e é simples a resposta:
O tempo, a temperatura,
a falta de ações calorosas o levaram.
Talvez não a falta das minhas,  mas das tuas.
Ou o excesso das minhas e a falta das nossas.

Esfriar não é morrer.
Ainda se pode aquecer,
coar algum bixo que tenha caído,
e provar se ainda pode ser bebido.
E se ainda pode ser vivido,
que seja aquecido sempre antes de morno.
Que seja o teu e o meu coração um bom forno,
uma lareira incansável,
uma salamandra inflamável.
E que não eu mas nós,
ponhamos lenha regularmente,
e bebamos uma bebida quente
juntos no sofá, com o mesmo objetivo em mente.

domingo, 1 de abril de 2018

Imerecedor

Não tenho uma família perfeita,
mas tinha uma fiel,
minha casa não é perfeita
nem com um design muito admirável,
mas vivo numa rua calma e acessível.
e eu não sou perfeita,
mas sou bondosa e amigável.

Os meus olhos não são azuis nem fenomenais
mas querem tanto olhar os teus, que parecem irreais!

Não tenho os dentes perfeitos,
mas eram comportados,
embelezavam o sorriso
e os alimentos eram triturados.
E permitem-me articular ainda
o quanto te admiro e preciso.

Sei que não és perfeito,
mas fogo...
É um exagero de qualidades e beleza!
Não sei de que material és feito,
mas desde que a minha paixão não te consuma
abuso em minha defesa
que amar é saudável e ainda grátis!
Então deixem-me usufruir este privilégio,
neste longo colégio
que é aprender a viver
com as constantes mudanças
e os constantes problemas,
mas também o constante amor
mesmo que imerecedor.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Mau professor

O Tempo dá sabedoria,
mas quando dá também dá o lamento
de não ter sido sábio mais cedo...

Tínhamos de aprender...
Mas o Tempo é um mau professor.
E mesmo que pouco tempo nos reste
para acabar o seu teste
no final todos aprendemos sem mestre.

O Tempo só é Tempo
por sobrar-lhe tempo,
porque de Tempo ele tem pouco
e para tal não possui talento.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Meu fim

Já estive nesta casa
onde o relógio fica lento.

Já estive sozinha
e, como ela, vazia,
mas não tanto tempo...

O tempo pode trazer-te
ou impedir-te,
o tempo encolhe ou estica,
o tempo escolhe ou explica,
testa a paciência
e tudo o que isso implica...

Alguns cidadãos conseguem prosperar...
Não importa serem uns falhados!
Alguns planos existem para falhar...
Não importa o quão bem planeados!

Alguns braços existem para abraçar,
outros para permanecer em estado de choque.
Todas as lágrimas existem para chorar,
mas algumas abusam do stock.

Alguns sorrisos existem para mofar...
Ficar com pó, com bolor.
Alguns para usar até esgotar,
outros para acumular rancor.

Algumas pessoas nasceram para esperar...
Mesmo que para sempre!
Alguns corações foram feitos para quebrar...
Mesmo que constantemente!

Todos os finais existem para acabar,
mas põe um fim ao meu fim,
porque o fim só dá para finalizar,
mas farás isso a mim?

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Inícios

Ainda estou ativa!
Tão ativa que inativo algumas coisas.
És o meu erro de bolso,
o meu erro mais monso.
O erro mais manso,
o meu erro menos errado.

Não compro tempo,
mas roubo.
E cada roubo
é perca de tempo
e de princípios.

Põe um fim
e dá-me outros inícios.
Inícios menos indecisos.
Mais positivos
e menos perdidos.

Às vezes alguém tira
a nossa vontade,
algo que não era mentira,
mas já não é verdade.

E às vezes muitos pensam
que mandam na vida
que querem manipular.
Mas esses não pensam
na luta e nas feridas
que precisam tempo para sarar.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Reorientar











No Oriente encontrei quem me desorientou
e esperarei o tempo de uma vida
pela reorientação que não chegou...

Ninguém mais me orientará,
o tempo bem pode tentar curar,
aposto com ele todos os meus bens
que até mesmo quando vens,
no mesmo Oriente,
no dito Continente,
num encontro frente-a-frente,
onde ainda assim a orientação
só será em vão.

Dá-me um sorriso,
um aperto de mão,
e ainda assim preciso orientação!
E se me abraçares
o coração que se aguente,
mas não haverá quem o oriente!
Lá onde o sol tem sua nascente
e o teu caminhar está permanente.
E se houver um beijo
não será diferente,
posso é desmaiar!
Mas no meio de tanta gente,
alguém me há-de reanimar!
Mas nunca reorientar!

sábado, 20 de janeiro de 2018

Dolores

Tropeço em mortos todos os dias.
Eles estão sobre os dois pés,
com as veias vazias.
Cheiram mal, estão gelados
e não lembram quem são.
E talvez falem murmúrios surdos
que ninguém irá prestar atenção.

Eu falo diariamente com os sem-vida.
Eu própria sou uma sem-ar!
E ainda assim inquilina
deste mundo que vai despedaçando
todo corpo que dá para matar.

Os media insistem no fim,
na tragédia, no drama.
Eu não vou ver assim,
ela está longe de se apagar.
Meio mundo a ama,
outra metade também lembrou-se de a amar.

Mas porquê uma despedida?
O que é estar morto?
O que é não ter vida?

Nada mudou,
apesar dos erros
existem pessoas imortalizáveis.
Mais importantes que alguns meus
e que são à morte adaptáveis.

Jamais haverá um enterro,
jamais será um adeus.


"I see the glory in your eyes"


sábado, 30 de dezembro de 2017

Pensa

Um coração inquieto,
rebelde quer saltar
mas está demasiado atado
dentro do peito
num estado
que ao espreitar
sei que não devia ter feito.

Os outros ignoram,
pisam e pontapeiam.
Talvez digam amar,
mas nas acções só odeiam.

Amor incondicional
nunca foi tradicional,
e talvez existam poucos motivos,
poucos sorrisos,
ainda assim eu imploro:

Abre os olhos e vê
mais além do choro.
Ergue a cabeça e derruba
todo o alguém que te impede,
que julga ter autoridade de manipular.
Tu sabes que podes manipular também,
podes abandonar a qualquer hora,
a porta está aberta
o carro está à porta,
o wifi está ligado
o telemóvel está com som,
liga-me e vamos embora.
E a solidão tomará conta,
o pânico há-de vir
mas não mais para ti.

O problema não é a vida,
não é a saúde,
não é a pobreza,
é fácil de resolver.
E somos carne e osso
e não ferro e aço.
Eu sei que também erro e faço
mas não temos de brincar com os nossos limites,
nem esquecer como a vida é boa.
Não critiques,
mas protege-te,
faz a escolha certa
vai buscar ao teu baú a força,
parte alguma louça
e mesmo que não me ligues,
lê-me,
e mesmo que não respondas
pensa numa resposta.
Pensa em como eu gosto de ti.
Pensa no futuro.
Pensa em mim. 
Pensa que vale a pena.


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Vaincre

Je t'avais dit
qu'un jour je t'écrirais
mais je n'ai pas écrit...
Je n'ai même pas pensé...

Je t'avais dit
demain chez toi j'irai,
mais je suis resté dans le lit
sans envie de me réveiller...

Mais maintenant
je veux les murs casser,
je veux les tombeaux ouvrir
et tout chercher
sans rien découvrir.

Dans un profond sommeil
sans voir plus le soleil,
je me couche et je me cache
sur mes regrets
rien secrets.

Là j’espère ton appel,
ton toucher,
ta respiration,
ta vie,
toujours dans mon lit
sans ouvrir les yeux.
Je ne veux pas pleurer,
je ne veux pas sourire,
je veux t'étreindre
jusqu'à mourir!

Maintenant je veux t’écrire!
Maintenant j'ai tant à te dire!
Mais toi, tu ne sais plus lire
et la tristesse
est ton adresse,
et mes larmes sont mon encre,
que je peux pas effacer,
je ne pourrais jamais vaincre.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Príncipe

Muito mais que um nobre príncipe.
Tem como reinado o meu coração.

Enquanto esfrega um olho
rouba para si todo o meu amor!
Enquanto arreda o cabelo
afasta de mim o pior!

Rouba e devolve
o meu fôlego.
Rouba e não dá de volta
a poupança a que me desapego!

Põe-me pobre,
põe-me rica,
põe-me feliz!

Ele tira de mim
mas sempre fica
a vontade de ser
roubada de novo!

Soa estranho?
Mas é genuíno.

Beleza que abomina!
Olhos de pérola selvagem,
minha eterna paralisia!
E esses sorrisos que fazem
abastecer a alegria.

domingo, 13 de agosto de 2017

Eternizo



Olhar para ti é uma aventura,
cada tique, cada toque,
cada gesto de ternura,
sabes que me deixa em choque.

Enquanto dura eu eternizo,
cada sombra de sorriso,
cada ar de atrapalhado,
ou o ar de seguro.
Olhos que provocam,
os meus braços para os teus chamam.
E eu não os seguro.
Esse azul leva-me na corrente,
não podia ser diferente,
como a tua pele imune a rugas,
os cabelos lisos e fortes
que eu quero acariciar,
da tua cara desviar
e prender na tua orelha
até ficar velha.

Na ausência
tenho a presença do passado.
Na presença
tenho um sonho realizado,
também eternizado.

Eternizo
porque preciso.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Plano Z

Olá.
Sou eu, o teu plano Z.
Uma vez vi-te chegar ao P
e não pude conter o entusiasmo!
Mas logo retomaste ao A,
e senti no coração um espasmo.
Não pasmo,
continuo à espera de passares o D.
Em dias de sorte vais até ao T,
mas ainda faltam algumas para o Z.

Um dia conseguirei tal meta?
Na hora correta,
num dia desocupado.
Quem sabe se num feriado?
Onde haja tempo para gastar
e a todos os planos chegar.

Sou aquela que nunca te alcança,
o plano C da desilusão,
o plano B da esperança
e o plano A da solidão,
mas o teu é que eu queria ser!
E sou, mas apenas teu plano Z até morrer.

domingo, 14 de maio de 2017

Alzheimer

Today was meant to be different. 
Today was meant to be better. 
It was not to be urgent 
this tremulous letter, 
a request for help, 
one last search, 
one last chance 
to change 
the tears of the heart 
rolling through the chest, 
such is the fear 
to have it all lost!

Lost is the word.
Lost is my world 
with crushed countries 
ripped trees, 
rivers of blood, 
muddy seas.
 
I can swim in them,
they're in better condition,
they can give me a lesson.
Teach me please,
How to start the ignition 
Of Alzheimer's disease!

sexta-feira, 7 de abril de 2017

À espera

Ancorada ao passado
numa âncora só tua,
no fundo do oceano, com o coração cortado
lembro-me que fui uma
e agora sou apenas metade,
quase constituída por apenas saudade.

Prendeste-me involuntáriamente
e eu não quero sair da tua beira,
não te apercebes da minha prisão
e eu quis ser tua prisioneira.

Como dizer não?
Como seguir e esquecer o meu grande amor?
Devo ficar aqui imóvel ou tentar desenterrar-me?
E como recolher a âncora
se eu estou só e sem forças
neste oceano cheio de pedras brancas,
ferrugem, lodo, alucinações e lágrimas?

Não saio.
Não vivo agora.
Sofro sem cura.
Mas estou na melhor âncora.
Na melhor jura
de ficar para sempre aqui,
à espera da tua espera por mim.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Bem essencial

Só  mais uma vez,
prometo.
Agora vou concentrar
todos os meus sentidos para recordar
eternamente
o momento na mente
sem incomodar
pedindo que aconteça mais e mais.
Só mais uma vez,
prometo.
A não ser que queiras repetir,
por pena ou vontade,
amor ou falsidade,
ainda assim será  de qualidade,
porque a fantasia é  superior à realidade.
O amor tudo transforma,
tudo permite,
e eu sou a croma
de esferovite
que deixa que me desfaças em bolas frágeis
que o vento só pode roubar
e fugir com os restos mortais
impossíveis de colar.
Impossível de calar
a música que não é nossa,
é de mim para ti.
As recordações que não são nossas,
são minhas de ti.
Mas talvez mais reais que muitas por aí.
Torno real e acabo acreditando
que tudo isto não sou eu meditando.
Amo por ti e por mim,
assim fico ganhando
e sei que não terá fim.

Se eu te perder
não sei se irei rever o amanhecer,
ia perder o emprego, os amigos, a alegria,
porque está tudo pegado a ti como um hímen
e ao te ires a bússola atrofia,
só o blog abundaria
de cartas inconformadas.
Preciso muito de ti!
Levem o ar!
Acho que me serves mais.
Esgotem as fontes!
Minha hidratação vem de fontes especiais.
Envenenem a comida!
Tenho outros bens essenciais.
Privem-me do sol!
Teus raios são mais reais.
Sou fácil de sustentar,
apenas me deixem amar,
não me roubem a minha vida externa,
não  me tirem a última cópia de segurança.
Para quê dar-me o nome de interna
numa sala sem esperança?

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Não vou parar!

Seja eu quem te roube
os sorrisos de maior fama.
Seja eu cinza ou corpo podre,
eis quem te ama!
Seja eu alguém que apenas já não tem ação,
mas nunca desejou o fim,
só não teve força para pressionar o travão,
que não existe, é mesmo assim.

Mas serei a neve teimosa  que ergue o escudo contra o sol,
que quer ficar colada na sola do sapato,
ou esconder-se na poeira do chão
que vais pisar sem noção
mas estarei lá,
não para vigiar
mas para poder continuar
com um motivo para pôr o diafragma a trabalhar.

Vou amar-te até ninguém saber quem sou!
E mesmo que esqueçam quero continuar.
Preciso de razões para a luz do sol ainda brilhar
e trazer de volta o que ela roubou.

Vou-te amar até esgotar o mundo!
Até cansar a humanidade com as minhas declarações!
Até eu virar um caso de estudo,
mesmo que digas que não há razões.
Nunca verei assim.
Nunca poderei permitir que me esqueça de ti.

Vou amar-te até o coração doer!
E mesmo doendo não vou parar!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Fica por perto

Somos chuva na terra,
chuva no mar,
que evapora mas rega
e tenta sarar,
mas não pode curar.
Não pode fechar
dores nunca abertas,
profundas e inalcançáveis.
És o bálsamo delas,
eu julgo que sim,
e que só teus braços memoráveis
podem abraçar assim
de uma forma curativa
com uma sensibilidade criativa
que me alivia,
dá paz e sintoniza.
Mas é tudo tão vasto,
tão escasso
e tão insuficiente...
Não se pode eternizar,
às vezes nem repetir,
só aceitar o que sobra
sem insistir,
com os vultos do pensamento
que a saudade cobra.
Será que aguento
esta cobra
a morder-me o coração
até ao momento do replay?
Se houver.
E aguentarei a emoção
nesse dia perigoso
onde te vejo dizer "Cheguei"
com o sorriso vitorioso
a que tanto me apeguei?

Fica por perto,
convida-me para um café
um dia por ano,
um dia por mês,
mas fica perto!
E deixa-me com fé
de que um dia por ano,
um dia por vida
me darás a mão
até ser preciso
e aí sem qualquer engano,
e no teu olhar perdida
terei alugado um sorriso.



quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Fora desta vida

A expectativa.
A ilusão ansiada por realizar
ultrapassam os receios de algo falhar.

Por mais que a vida queira desvitalizar-se
eu hei-de arranjar forma de fortalecer.
Deixá-la deixar-se
levar pelo vento que me quer arrefecer.

Quer e sabe-o fazer.

Sem ti não sou nada,
és certamente o combustível.
De durona malcriada
passo a super sensível.

Tanta dependência
só pode ser deficiência
da tua vitamina.
Exacta ciência
que sabe e domina
o meu ser.

Quero fazer do teu mundo o mais redondo!
Da tua paisagem a mais colorida!
De cores que eu só encontro
fora desta vida.
Mas posso todo meu dinheiro romper,
bem como toda minha roupa e andar despida,
que a ingratidão é tanta e continuaria a ser.
Posso construir-te um castelo,
doar a minha vida,
mas simplesmente nunca será suficiente.

Ainda assim  insisto enquanto posso.
Não é cegueira, é ver e aceitar,
mas mentalizando que nunca será nosso.
Nunca saberás como eu seria leal,
mas eu sei.
Seria lindo, e ainda pode ser,
mas não precisa ser real.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pura maldade


Ver-te afastar é doentio,
ver-te diminuir no meu campo de visão,
fugir para perto da distância
negra do frio
que abana o coração
e atiça a ânsia
de chorar como se fosse definitivo.
Um adeus não tem nada de positivo,
nem mesmo o facto de ainda se estar vivo.
Eu invejo os mortos!
Invejo a paz e tranquilidade,
a falta de conhecimentos,
a abundância de ignorância.

Viver é pura maldade.
Ver outros partir,
não poder sair,
não poder agarrar.
É deixar que nos arranquem o coração sem anestesia.
Não lutar, não espernear.
Assistir e aplaudir a própria morte.

E o que seria feito da minha herança:
O amor que tenho para dar?
Não pode servir para as minhocas engordar.
Leva-o, conserva enquanto durar.
É de qualidade, então deve dar para uns anos,
que ele faça o que eu não fiz,
que diga o que eu não disse,
mas que não invente o que eu não sou.
Que te ajude a continuar feliz,
e te lembre que eu até sou,
mas não como quis.
Tenho que juntar os pedaços
para ter algo inteiro,
mas sempre desfaço-os,
deixo cair o tinteiro,
borro os rascunhos de felicidade,
e estrago o dinheiro,
que já era pura falsidade.
Mas vou guardar-te muito bem,
onde mesmo que transplantem não estarás lá.
Pensei e queria que durasse para sempre,
por mais que tente,
talvez seja um para sempre com pausas a mais.
Não deixes pausar quando vais,
da realidade sais
e voltas à ficção.
É pura maldade,
não sei se sabes,
mas pode dar pena de prisão,
deixar uma ferida num puro coração.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Sem contratos

Sentada nas minhas memórias.
sentada lendo histórias
sem as poder apagar,
mas nem sabendo se o quero fazer,
só  lamento não ter a opção.

Sentada nas linhas divisórias
querendo viver
mas vejo sinal proíbido.
Queria te ver,
mas não deve ser permitido.
Tudo está restrito!
O ar também é  esquisito,
podias vir e purificá-lo,
tornar o meu dia bonito,
fazer-me amá-lo
como amo esse sorriso
que não pode ser mais do que a razão do meu,
não pode desabar o meu
nem tornar indeciso.

Quanto vale um minuto teu?
Um abraço, um beijo?
Valor incalculável?
Arranjarei.
Quanto o humano está disposto a pagar para amar?
Depende do tamanho do amor,
mas vai até à própria vida.
Não é simples investida,
não é ilusão vestida,
nem apenas razão para ficar entretida.
É necessidade para ficar viva,
para ver utilidade nos sentimentos,
para mostrar que todos os momentos
são e serão os mais puros,
mais prioritários,
de sentido único.
Os mais solitários,
mas os mais fiéis.
Os mais persistentes,
os menos aproveitados,
mas ainda assim
os mais procurados,
sem serem achados
porque parecem camuflados,
no entanto bem à frente do nariz,
plantados com já forte raíz
alimentada de falsa água
mas ainda assim hidratada,
forte e profunda,
não lhe falta nada,
só até ti uma estrada.
Até lá só há desencontros,
"olás" que eu mentalmente digo,
mas ainda assim eu afirmo
que amo-te sem contratos nem descontos.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Acabar com o ciclo

Saltei para as rochas.
Julguei que os orifícios iriam ser fiéis.
Que as arestas iam cortar ou tornar roxas
nódoas e hematomas  desbotados com pincéis
agravados com a repetição
em diversas partes do corpo
que a cada 'ai' fecha os olhos,
pensa em perdão,
mas pensa pouco,
quando abre vê que afinal
só resultou em alarido da multidão,
uma história triste para contar,
uma desculpa para dar,
um passado para enfrentar,
uma consciência para carregar.

Refiz os cálculos.
Desta vez nada falharia,
mas faltou o impulso no momento,
falou alto a saudade que eu teria
de te ter mesmo que só no pensamento.

Eu não quero tudo da minha maneira,
só quero um pouco de paz,
eu sei que a solução não está no sono profundo,
mas de viver nem sempre sou capaz.
Mas é possível não viver estando vivo,
ficando aqui no cubículo
à espera de finalmente acharmos ridículo
e querermos acabar com o ciclo.
Mas viver é para quem tem vida,
e de momento procuro a minha.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Fases

Eu até dava a minha vida,
mas seria insuficiente.
Pergunto-me se alguma coisa é suficiente...

Mas afinal são fases,
simples frases.
E tu não fazes
a mínima do que sabes.

Por isso, mesmo que tudo dê errado,
com todas as estratégias e
todos os esquemas,
nunca será um passado.
Não um passado terminado.
Recuso-me a aceitar!
São fases que acontecem, é normal.
Mas é um passado que continuará.
Um passado para o futuro empurrado
como um carro sem combustível que irá
rolar com a minha força braçal.

Vale a pena gritar!
Emudecer se necessáro,
grito que te amo,
nunca poderei sentir o contrário!

És tudo o que nunca procurei,
tudo o que nunca achei merecer,
mas uma vez na minha mão,
não posso deixar morrer.

Vou aguentar a fase assim
e se no final desta estiver outra,
já encomendei mais paciência,
o stock não terá fim,
o problema não será esse,
mas arranjarás outro de tua preferência.
E cá estou eu pronta para desafios!
Não posso dizer que não mereço.
Afinal amar é grátis,
mas tem sempre o seu preço.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

É uma cura


Ele acalmou agora.
Ele sabe que é bom estar contigo.
É bom sorrir, sentir-me um ser vivo,
uma criança
sem horário de ir deitar.
Qualquer simplicidade que se faça
é motivo para valorizar.

Está aqui um tesouro.
Uma coisa por muitos procurada,
eu reconheço, e esforço por manter.
Isto envergonha o ouro.
Pertence-me e não me deixo ser roubada.
Se tiver de lutar hei-de fazer.

São necessidades,
não são caridades.
Não há outra forma de viver
senão com esta constante preocupação,
pensando em surpreender,
em trocar as voltas à normalidade.
E ver os frutos,
os sorrisos, a alegria...
Sim, isso é uma cura.
Também às vezes loucura,
mas enfim, faz bem sermos loucos.
E não somos assim tão poucos.

Aguardem-me.
Ainda não acabou.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Je t'aime

Even tired, I sit here
and think of you 'til I get a smile or a tear.
How good was to have you near!
You know? I still imagine you'll appear,
sit and say something in my ear.
Anything. I just want your voice hear.
Say it loud and clear.

I'll always be a volunteer
to preserve you and every souvenir.
Maybe that makes me our engineer.
I hope to have a long career.

Let's go to every frontier
and have fun until I disappear.

Never give up on me, I love you,
even if I got mad, I love you,
and if I got amnesia, I love you.
Never leave me alone, I love you,
never throw me away, I love you
don't do this to me, I love you.
Yes I'm very strange, I love you,
every time I see you, I love you,
even when asleep, I love you.
If you see me dead, I love you

I just cant know how much I need you

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Não houvesse amanhã

O vazio do cansaço
enche-me as forças.
Um simples laço
faz-te uma forca
onde a profundidade do teu olhar
dá-me a pista
de que para amar
não há uma lista
de tarefas obrigatórias,
mas sim impulsos que levam a vitórias.

Queria amar como se não houvesse amanhã!
Mas há, e esse amanhã é cruel,
vai-me deixar de joelhos a chorar,
de braço esticado a implorar que não vás!

Queria amar como se não houvesse amanhã!
Mas esse amanhã é fiel,
vai vir e tudo levar,
tudo até a minha paz.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Está a esquivar


Elas me apertam.
Elas querem sair a todo custo!
Elas não se importam
se é ou não justo.

Elas como que esmurram a porta
sem medo de arrombar.
E ao ver-me sem escolha,
deixo-as rolar.

Não sei se rolam,
ou deslizam,
a fim de se divertirem.
Não sei se molham,
ou apenas traçam,
um caminho para fugirem.

O stress tomou conta de ti.
O coração? Um descontrolado.
Deixa a vida ficar sem rumo certo.
Tudo é precipitado.
 
Faço o que tenho de fazer.
O resto? Só se me apetecer.

(O problema é não apetecer nada.)

Mas o tempo cura tudo!
Ou deixa tudo expirar...
Mas de mim ele está a esquivar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Medalha de ouro

Sem querer ser aborrecida,
mais uma vez venho ao confessionário.
Numa vã tentativa
de refrescar a ferida
que nunca fecha, no armário
do peito sufocada.

Talvez tenha havido sinais
e eu não reparei,
e talvez até tenham sido mais
que os nãos que eu apanhei.
Eu não sei ter todo esse orgulho,
esse amor próprio
que nos faz ter medo de sofrer
e recusar tudo que será desvantajoso.
Não sei saltar o muro.
Nem sei se prefiro.
Vou sentar-me e aprender
a ter algum repouso.

Que saudade de acordar
e achar tudo maravilhoso,
ouvir a mãe brigar,
mas não é nada de novo,
nada me deita abaixo,
nada me faz explodir,
aguento bem com tudo e a sorrir.

Talvez tudo tenha esgotado,
talvez eu precise fazer uma loucura
que me mostre por um bocado
que eu estou viva, e está na altura
de reaprender o que é ser retardado.

Realmente o amor cura tudo,
até o incurável.
O amor filtra o mundo,
torna o ar respirável.

Por uns momentos atravesso a ponte invisível,
voo pela incerteza,
mas voo para algo bom.
Minha teimosia invencível
vence a certeza,
mas o que importa é que eu estou com
a melhor expetativa,
a melhor intenção,
o maior sorriso.

E se tudo não acontecer,
não foi em vão.
Se a expetativa morrer
hei-de enterrá-la no alcatrão.
Vão dizer "eu bem avisei,
agora vê se aprendes a ter noção",
mas tenho o triunfo de que tentei,
tenho a medalha de ouro no coração.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Timing










Espera...
Então tu pensavas que eu ainda estava à tua espera?

Ninguém pode dizer que eu não tentei,
mas podem atualizar que desisti.
Ou pelo menos parei de esperar,
mas se por acaso o encontrar
não viro a cara nem mudo de passeio,
mas esse dia chegar
eu não anseio.

Deve fazer parte da vida saber dizer: Chega!
O timing talvez nem sempre seja o melhor
mas nós fazemos aparecer um dia.

A escuridão também cega
não é só a luz,
e depois de tanto tempo no poço
ela não me seduz.

Dei um soco ao meu sorriso,
pus alcool nas feridas,
pontapeei o que mais preciso,
atirei ao poço as minhas recordações favoritas,
gritei até aperceber-me que perdi o juízo,
e despejei as minhas lágrimas mais líquidas.

Mas e agora?
Seria assim tão estranho
pedir pra ficares?
Soará tão estranho
pedir para me amares?

Se agora é assim, será diferente depois?
Avisa-me, dá-me um sinal,
eu vou desistir de insistir,
mas não vou esquecer que existes
e me fazes querer existir.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Medo

Tenho medo do sol
que me está a queimar
tenho medo e só
tu podes me curar.

Tenho medo de tudo
o que possa acontecer
tenho medo do mundo
em que estou a viver.

Tenho medo de um dia
te esquecer
tenho medo e queria
nunca o ter.

Eu tenho medo do medo que tenho.

Tenho medo do escuro
pois não consigo ver
tenho medo e estudo
como o vencer.

Tenho medo de estar
onde tu não estás
tenho medo e vou ficar
com muito mais.

sábado, 21 de novembro de 2015

Há-de ter um fim

Se todas as histórias,
todas as memórias
fossem agora contadas
e todas as cartas lidas,
cheias de feridas
fossem desculpadas,
eu teria ainda um motivo.

Se todas as provas,
todas as amostras
fossem agora mostradas
e todas as estradas erradas
percorridas com as baladas
fossem desculpadas,
eu seria ainda um ser vivo.

Mas como está é como vai continuar a ser.
E como quero não vai acontecer.

Roubaram a minha identidade,
o meu cérebro e o meu ar,
eu deixei-os à vontade,
sem seus desejos dificultar.

Deixo meu sorriso se inverter,
há-de ter um fim.
Mas não vou ser
como os que são para mim.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Deixar de ser

Tenho de deixar de ser egoísta.
Para mim é bom estar contigo,
mas depois será maior por mim a tua afeição.
A solidão terá de ser a minha conquista.
O sentimento torna tudo pior
e a minha alegria resulta na tua ilusão.
Eu não vou por muito tempo durar,
então para quê brincar?

Quero dizer-te que nada mudou
no meu íntimo.
Mas ficar só com recordações
é o melhor a fazer.
Desde que seja para o teu melhor
o amor sabe quando tem de sofrer.
O amor sabe quando tem de agir,
calar e suportar.

Porquê?
Só porque sim.
Só porque é inevitável.

Deixa a distância ser gradual,
não repentina com cena fúnebre.
Não quero isso. Não tenho esse direito.
Deixa a relação ficar banal,
enfadonha e facilmente substituível.
Que possam esquecer-me aos poucos,
e eu me torne uma mera perda estatística.

Eu tenho fotos,
do que me queixo?
Eu tenho fotos!
Posso revivê-las facilmente,
sem obrigar os outros a sofrer.

Deixar-me ser passado antecipado.
Apenas uma que já foi importante,
mas curiosamente,
agora que se fala,
já nem faz falta!

Se já lamentei quando isso acontecia
agora peço que aconteça.
Deixar de ser,
só porque tem de ser.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Cansa

Afinal cansa.
Respirar manualmente,
raciocinar apressadamente,
fazer aquilo que mais gostas.

Ser valente quando não se é, cansa.

Cansa virar costas ao cansaço
e não ficar apenas à espera do último suspiro.
Cansa seguir-te de longe o rasto
quando a teu lado estar eu prefiro.

Afinal cansa,
amar exaustivamente
o que nem um minuto a teu lado descansa.

Afinal cansa,
a rotina de esperar um sinal teu
e que sejas meu.

Cansa mas não desisto

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Vapor

Mais um último olhar,
só para averiguar,
que esperas por mim,
que teus olhos são reféns
da ânsia que de mim mantens.
Que ainda na tua bagagem,
para mim há amor,
que farei parte da tua maior viagem
e o medo de perder-me conservas sem bolor.

Medo infundado.
Eu ainda nunca fui para tão longe
que não pudesse te abraçar
com palavras e olhares.
Coração descuidado,
deixa hoje
o ontem passar
sem nada para relembrares.

Não estou preocupada
em ser encontrada.
Perco-me ao tentar te perder,
mas sei que estou perdida contigo.

Teimo em te obedecer,
em parte é para isso que vivo.

Venço ao tentar dar-te vitória
mas nunca quis para mim a glória,
mas a oferta de te amar
não sei recusar.

Os meus pensamentos são frágeis ,
tanto que deles perdi a noção,
e do seu rasto, só sobra vapor.
Todos os roubos são grátis,
mas roubaste o meu coração
e pagas-me ainda com o teu amor.

sábado, 19 de setembro de 2015

Se duvidas

As coisas vão mudar,
vais acabar por aprender,
as pessoas vão ter mais arrogância no olhar.
Se duvidas continua a viver.

Pouco resta-me,
mas enquanto posso vou ser o airbag
se tiveres um acidente,
o teu favorito snack,
quando quiseres afiar o dente.
Se duvidas testa-me.

A morte agarrada a mim acha segurança,
sou forçada a habituar-me a dar-lhe a mão.
Quando rejeito e teimo em viver
há outra armadilha direccionada,
proteger-me é em vão,
mas poupa a imaginação,
que eu estou aqui e sou uma presa fácil
presa à inutilidade como um fóssil.

sábado, 29 de agosto de 2015

Frases especiais

Porque a minha vida não se resume a dizer coisas bonitas aos outros, mas também a recebê-las, deixo aqui convosco parte, de uma coletânia das frases mais bonitas e que me fazem sentir especial, obrigado a todos! Não mencionarei nomes.


Amigos:
"Bah, queria falar cnt não, não tenho nenhuma coisa especifica só saudades ^^
Não há um dia que passe que me arrependa de te ter conhecido, mesmo sendo apenas pelo facebook xD
A minha primeira grande amiga k gosto sem nunca te ter visto
Não há presente melhor do que uma boa amizade e neste caso esse presente és tu.
Nunca pensei que em tão pouco tempo pudesse conhecer tanto sobre um pessoa, principalmente, sendo uma pessoa que nunca ví em toda a minha vida. E apegar-me a essa pessoa, que apenas conheco pela internet, é algo que também nunca esperava.
Comecei a sentir apego a ti desde a nossa primeira conversa
A medida que o tempo passa, vamos caminhando ao longo da ponte até nos encontrarmos um dia, dia esse que chegará depressa, espero eu.
Algo que tu não sabes, e que te vou contar, pensas que és minha amiga, e é bem verdade, mas mais do que isso, depois de te conhecer, fiquei com... não sei explicar ao certo, com mais força. Ao ver como és esforçada para fazer as coisas certas, isso também me dá força a mim para eu fazer as coisas certas também. E penso: ela pensa tão bem de mim, se ela me visse agora iria ficar bem desapontada, e em vez de fazer o que queria fazer, faço a coisa certa.
Gosto imenso de falar contigo, hoje durante o dia pensava, será que ela está on? E este dia levou mais tempo a passar que os outros... Penso também quando o meu pai voltar, sei que irei sentir muita falta de falar contigo como antes, mas ainda assim espero podermos falar bastante.
Verânia Aguiar, que aos poucos e poucos foi conquistando a minha amizade... Se calhar não só aos poucos e poucos, mas sim, aos muitos.
Nem imaginas como agradeço a Deus por isso
Espero um dia poder ouvir-te tocar e cantar, pessoalmente, ouvir a tua voz, o teu riso, ver-te sorrir... Sem tristeza alguma que possa anoitecer o teu dia.
Gosto da tua alegria contagiante, gosto quando te sentes á vontade para me contar coisas que normalmente não contarias, gosto de quando venho a net e sei que provavelmente te encontrarei cá, gosto quando me fazes perguntas dificeis e me mandas contar até mil.... E penso que já passei dos mil.
Querida amiga, para concluir posso dizer que podes contar sempre comigo quando precisares, e queria dizer-te também, que gosto muito, muito de ti, mas isso já sabes.
Desejaste td de bom para mim e para os k me fazem feliz, nesse caso desejaste td de bom para ti tbm^^
Aumentei em salto nos teus fãs pessoais
Era o k eu faltava ir aí e não fazermos nd juntas
Sabes que gosto imenso de ti  espero que nos voltemos a ver, sei que não em brev, mas num futuro mt proximo
Acabei de falar contigo e já tenho saudades
Gostei tanto da  tua surpresa, o tal video que me fizeste, foi a primeira coisa que fui ver, ri-me e fiquei comovida... simplesmente lindo
Primeiro pensei numa ave, assim voavas para ca e vivias no meu quintal, ou entao transformava-te na estrela da manhã que é a mais brilhante das estrelas visiveis e nunca desaparece
Bjs gordos...vou sentir tua falta
Axo k foste a unica estranha entre aspas com quem falava como falei cnt
Akilo das perguntas foi só uma coisa k me passou na cabeça pra ter tema de conversa mas dps ficou mt fixe e fui gostando cada vez mais... há parte no meio de td k não é bem explicavel simplesmente gosto pk é facil e fixe gostar de ti^^
Se amar é odiar ya adeio-te mt
E mesmo q n te possa animar tens de saber q tou sempre aqui E quero q fales sempre cmg Pk seca é se deixares de falar
Mas fico contente se posso de alguma forma ajudar pra teres mais felicidade na tua vida
E podes ter certeza q tbm es essencial na minha

Eu disse que eras a melhor
Verânia minha best!
As vezes de uma pequena amizade se forma a maior alegria de sempre :)
Praia grande, grande em memórias e histórias, grande em momentos e tormentos, pegada funda como a nossa amizade profunda! :)
nao és "uma pessoa kualker" k ta mal e eu digo ha de passar
tenho 14 coisas obrigatórias para fazer, uma delas passar o dia contigo
Best Friend melhor amiga com quem sei que posso confiar a 101% para a vida toda
Há muita coisa k faz lembrar mas ao mesmo tempo não há nada k me faça lembrar porque eu lembro-me de ti pk já está enraizado... Percebes?

És o meu orgulho!


Leitores:
O mundo precisa muito de pessoas iguais a você.
Deixa-me que te diga que és profissional no que fazes. adoro o teu jogo de palavras, que transformam as tuas criações numa melodia tão bonita
Belas frases precisas de uma escritora de textos desconcertantes.
Amiga a tua inpiração é enorme, fico pensando de ondes a tira. Escreves muito bem e colocas teu humor em tudo."

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Estrada da inutilidade

Portas fechadas,
eu sempre encontrei,
e a teimosia é que as abriu.
Sozinha na estrada
eu sempre me virei
até mesmo quando o azar me sorriu.

Na ponta da ponte
ou na ponta do muro, tanto faz!
Desde que não me encontre
num lugar sem paz.

Na estrada da inutilidade,
onde dou voltas infinitas
com a minha inútil idade
que nada garante
nas horas aflitivas.

É na inútil estrada
que existe por existir,
e quase deixa os outros sem existir,
é lá que eu preciso desistir
de persistir em ir.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Com defeito












Tenho esperança no mar,
que ele me traga pedaços de ti.
Sim, milhões.

Células mortas que eu quero ressuscitar,
no mundial mar,
cheio de recordações.

Como se abundasse em saúde
decidi prolongar a dor.
Só para ela ver até onde aguentava.

Não penses que eu não estou a chorar
Mas é na garganta que está a cascada,
forte, desamparada,
então não me peças para falar.

Sou a cadelinha obediente
que não precisas pagar para treinar,
eu sei obedecer a tudo,
menos ser-te indiferente.

E embora tenha uma maldição,
talvez não seja tão grande assim.
Pois quanto menos viver, menos me arrependo,
menos sofro, menos me iludo.

As máquinas gastam-se ou vêm com defeito,
as defeituosas ao menos sabem que a reforma é para breve,
então porquê invejar as perfeitas?
Vão ser abusadas até ao extremo.

Paro de fazer planos,
afinal, tudo já é um plano!
Entupo de medicação vã,
para ao menos não piorar tão drásticamente
e manter alguma sanidade.

Sorrio, não sei quando será o último dia.
Confesso o que sinto a quem amo,
porque não posso agendar tempo para despedidas
com discursos elaborados.
Eles sabem quem são,
eles sabem quem não são.
Mas nunca é demais lembrar.
Vou tentar lembrar o máximo possível.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O vazio

Eu fujo,
mas é só para ir para outra prisão.
Eu sorrio,
mas só no intervalo da desilusão.

Pensei que pensar em ti seria bálsamo suficiente.
Mas não sei se aguento,
eu acho que tento,
mas o resultado é deprimente.

Olha, eu já fiz de tudo,
eu também tenho aquilo chamado limite,
o meu mundo rodou
e ele não tinha gravidade,
está tudo caído,
não esquecido,
mas desorganizado,
já não sei onde tenho o tempo guardado,
talvez o tenha esgotado...

Eu queria ser a mosca parada na parede,
a pulga do gato, que nunca te iria morder,
só para ter relativa proximidade de ti.
Mas talvez seja melhor assim,
adormecer sem sonho,
dormir sem ressono.
Dissipar as memórias que julguei inesquecíveis.
Deixar o vazio tomar conta de mim.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Losing


Too many things to say, but closing the mouth.
Too many to write, but no more inspiration.
A lot of hugs to give, but I'm with the wrong people.

Can imagine the world without me,
much better than without you,
but wanting to stay.
We want to live, but like we want,
otherwise we don't.

And I miss the air, the one that you're using.
Breath for me,my brain is confusing.
I'm not imploring a baby or to be a wife,
I only have so much to live, but no life.

Too human to win that.
Too strong to lose, but losing.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Os processos

Tudo.
Leva tudo.
Deixa-me assinar cheques em branco,
deixa-me dar-te o código dos cofres,
fica com tudo.
Nada serve,
nada consegue
senão irritar
com sua inutilidade.

Não esperes o dia das partilhas.
Aproveita tudo!

Eu acho que agora cada pequena coisa tem o seu encanto,
mas não tenho tempo de observar,
não tenho paz para me acalmar,
não tenho o que comprar,
nem que venda tudo o que tenha.

Enquanto uns se preocupam que roupa vestir
e que sombras colocar,
eu preocupo-me em se haverá ar suficiente hoje,
e em sintonizar a minha cara de simpática.

Podiam contratar-me para atriz,
não fosse eu tão memória fraca.
 
A febre infinita!
A escoliose fatal!
A ansiedade banal!
O clamor no deserto.
A lucidez que se atrofia!
A vida eu aperto
mas ela larga-me bruscamente.

Não há nada na minha mente,
eu já não consigo,
e eu já conseguia.

Não é preciso uma roupa nova,
afinal não há festa na cova,
e não tenham pena, finalmente vou descansar.
Ninguém quis tratar
porque não eram os seus,
senão tudo dariam.
Então agora recebam... os processos dos meus.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Prontidão

É engraçado,
(ou não)
a forma como tudo é sempre igual.
Se luto por algo
é certo que não o terei.
Se me distraio desse algo,
é certo que ele nota a ausência de perseguição
e vem ver porque já não é procurado.

Pensei que tinha havido um fim,
mas afinal só gradualmente escondeu-se,
adormeceu devido à dormência,
que as feridas causaram.
Deixei que a agressividade
cobrisse as qualidades que por vezes mostraste.

Eu vi ele morrer,
ou apenas entrou em coma?
O que sei é que vejo renascer
o amor que julguei não mais ter.
Ele às vezes é maldito
e quer perdoar tudo o que foi dito.
Viste-me sofrer e viraste a cara,
eu vejo-te assim e quero consolar-te.
Vou deixar de querer. vou esforçar por enforcar isto
e fazes questão de me ajudar,
sempre com a prontidão de que és conhecido.

sábado, 30 de maio de 2015

Espancado sorriso

Se eu te pudesse dar algo
dava-te a ti.
Algo precioso,
mas que talvez não valorizasses.
E que na verdade, não possuo.

As coisas nunca mais vão ser as mesmas,
mas deixa-te ser a mesma pessoa,
e no que depende de mim,
que sejas tu quem magoa,
não quem leva na cara.

Eu tambem não consigo conter as lágrimas,
os velhos prantos,
mas havemos de chorar em coro
e que toda gota seja o nosso soro.

Dói ver-te assim,
como a quem foi roubada a alegria,
e espancado o sorriso.

Mas nunca interrompas o teu respirar!
Eu preciso que vivas!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Se não for tarde.

Imagina que estás emocionalmente destabilizada,
e não tens a medicação necessária,
torna-se caro, e afinal desnecessário.
Na verdade estás esgotada por remar contra a rotina
que eles tornam mais sufocante.
Os reais doidos são alguém numa fase difícil,
a doida és tu.
Esqueces que há uma necessidade de descanso,
e quando te lembras  tentas dormir,
mas simplesmente não consegues.
O coração quer fazer um serão.
Sem o sono reparador não renovas as forças,
mas vives um novo dia, com as reservas anteriores,
E dizem-te que tens de fazer mais,
e parece que já deste tudo,
mas deste pouco além do mínimo.

Além da música,
encontras refúgio na amizade,
que faz qualquer piza apetitosa parecer podridão,
que faz provar uma vida com sentido,
mesmo se dentro de meses tudo estiver perdido,
sentiste a alegria verdadeira.
(Realmente as fotos mais estranhas
são as tiradas nos momentos mais felizes.)

Para quê dizer que tens medo de perder tudo,ou que tudo te perca?
Mas fazes um pedido de amizade
ao teu coração.
Foi fiel e só o entupiste,
ele a tentar ver-se livre do lixo que despejavas
e tu sempre a sobrecarregá-lo
com entulho e ansiedades.
Agora ele que diga o que quer,
oferecerás.
Não apresse, nem avague,
fique tranquilo,
tu estás aqui, e vais cuidar dele,
se não for tarde, claro.

sábado, 2 de maio de 2015

Mistura

Saudades da mão,
do pé, do olhar.
De tudo o que é banal,
e só quando ausente especial.

Ter tudo num minuto
e não conseguir pausar,
para poder contemplar esse tudo.
Logo ele se vai,
e muitas vezes nem resta uma fotografia,
uma memória esquizofrénica.

Saudades das noitadas,
totalmente sóbrias,
onde falamos e nos conhecemos.
E agora está tudo disperso.

Há dias assim,
em que somos meros vagabundos
vagueando pelo passado,
mendigando um replay.
Uma falta de algo
que nada substituiu,
uma saudade de dar tudo,
mas sem ter o quem.

Olho pra rua.
Tem uma sombra semelhante à tua.
Talvez tudo parece semelhante quando queremos que seja,
mas nada se assemelha à real presença.

Quero gritar,
libertar a ansiedade
misturada de saudade,
misturada de cansaço,
misturado de esperança.

E deixo-me corroer pelo meu próprio ácido,
com a saudade depressiva sempre a meu lado,
sentimento destrutivo,
ladrão de energia,
típico sentimento de perda.

No fundo eu sou uma mistura mesmo,
que por vezes neutraliza o pH,
de outras acidifica,
torna denso,
e até adoça.
Mas sou tão adaptável que não sei o que de facto sou.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Apressei

Aquilo que eu me esforço para não fazer,
mas querendo,
é aquilo que queres
e pensas que eu não quero,
e então lamentas em silêncio.

Ya, sou culpada,
eu não fiquei
não sei porquê,
não era que não quisesse ficar mais,
não queria era estar ali.
Eu sei, eu devia querer,
afinal estava contigo,
depois na rua estava frio,
tu ainda tinhas tempo,
mas fazer o quê agora?
Ficar ao frio?
Eu apressei a partida...
Estava insuportável,
mas agora...
Dava tudo pela meia hora que perdendo-a, apressei.

terça-feira, 10 de março de 2015

Borracha teimosa

Ainda bem que sentes saudades,
e que queres estar comigo
é sinal que eu mantive-me fiel,
e que isso foi notado.

Ainda bem que eu não deitei tudo a perder,
por fartar-me do ser ignorada e desprezada.
Ainda bem que esperei, 
desculpei e amei.

Ainda bem que eu quis desaparecer
mas não o fiz,
ainda bem que posso ainda por um pouco tempo
estar junto a ti,
e ter um misto de sensações
onde predominam as boas.

Ainda bem que tenho aquela borracha teimosa
que apaga as cicatrizes tuas,
e que me impede de esfregar verdades na tua cara.
Até porque agora estás frágil,
eu não valeria nada se teimasse em querer as justificações
que no passado fiz questão de não pedir.

Deixei as coisas do teu agrado,
quando querias, aqui eu estava,
quando eu queria, não havia alguém,
mas apesar disso eu mantive o sorriso para ti
e as lágrimas só para mim.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Mas quero

Não preciso ficar perto de ti,
a distância é algo que as pessoas nunca impedirão.
Não preciso habituar-me a ti,
o amor é algo ao qual as pessoas nunca se habituarão.

Não preciso dizer,
mas precisas saber,
que a cada dia torna-se mais IMPOSSÍVEL ignorar-te,
de mim apagar-te,
deixas marcas profundas numa pessoa,
profundas, mas boas.

Não preciso mas quero.

Ainda bem que é impossível.
Eu torno impossível.
E gostava de conseguir exigir que nunca para ti seja possível.

Não precisas fazer muito,
não precisas de extravagâncias.
Não, tu não.
Não precisas porque tens-me nas tuas mãos,
agora faz o que quiseres.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Não lamento

Não lamento isso,
ter facilidade em magoar-me.
Se é assim que se ama,
se assim é preciso,
sou orgulhosa das mágoas.
 
Por mais que magoe,
eu deixo doer,
por mais que me doe,
eu deixo-me sofrer,
porque não quero deitar tudo a perder.

No entanto,
entre tanto (ódio)
e entre tão pouco (amor),
é realmente preciso conservar
o pouco que há,
revê-lo,
repetir.

Diz-me que nos próximos 20 anos,
a noite vai-se disfarçar de dia
e que todos os dias estaremos mais unidos,
e faremos o que todos achavam que ninguém faria.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Talvezes

O amor não foi feito para ligar-se a alguém,
não exige amor em troca do seu.

Se me pedirem amor, vão receber,
mas pedem-me algo impossível de conceber...

O buraco maior que alguma bala fez
é inferior a este que colecionei.
Não sabes talvez,
se soubesses impedirias,
farias algo para mudar isso duma vez.
Ou não?

Bem melhor não ter certezas,
certeza do sim traz alegria,
mas certeza do não é bem pior.
Tenho de me contentar com os talvezes.

Eu queria que o amor fosse suficiente,
porque para mim é.
Eu gostava que um sorriso fosse suficiente,
mas só vicia-me.

Quis a ferida temível,
agora aguento a cura.
O amor é uma cura que arde,
mas é infalível.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não foi por isso


Juntei as pessoas mais improváveis,
os seres mais pouco distraídos,
os de sentimentos estáveis
e de juízos nada revertidos,
mas não foi por isso que deu certo.

Juntei as pessoas mais desagradáveis,
os mais convencidos,
de sentimentos inflamáveis,
com fama de bandidos,
foi exatamente por isso que deu certo.

Juntei as palavras mais bonitas,
os verbos menos vulgares
e os sentimentos mais reais,
mas não foi por isso que passou a fazer sentido.

Juntei as palavras mais esquisitas,
falei contigo, mesmo sem aqui estares
e nem tuas sombras foram reais,
mas não foi por isso que passou a não fazer sentido.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Guardiã

É mais um dia
em que o silêncio não deixam falar.

Será sempre assim?

Se há a necessidade da pergunta
é porque não há a certeza da resposta

Quem conhece os bastidores
e não apenas o que aparece em cena
foi digno de saber os porquês,
dos atos, das acções.

Tenho tanto para te dizer,
tanta coisa bizarra
que se não digo se apaga.
Mas vou ter de deixar apagar,
não há ninguém para contar...
Quer dizer há,
mas não vão entender.

Como eu não entendo a ausência,
não entendo tanta falta de paciência,
tanta frieza.
Eu só queria um olá,
um sorriso...

Mentira,
eu queria mais que isso,
mas não posso exigir demais.
E já seria bem bom
ter-te um minuto por dia.

Gostava de congelar estes momentos,
e protegê-los de qualquer raio de sol,
quero que nunca esqueças
os sentimentos que despertas em mim,
os mais sinceros e protetores.

Serei guardiã deste amor,
mesmo sem troca de favores,
mesmo que os esforços pareçam nulos,
só quero é estar contigo,
o resto é bónus.

Se eu amasse todos como amo a ti
seria completamente feliz.

És como um café que dá vida,
que apaga vestígios de cansaço,
e dá energia para outra investida,
outra tentativa de laço entre nós e a vida.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Coleção

Deve ter sido o vento
que me empurrou para ti.
Não dei por nada,
acordei e já te conhecia.

Só mais uma bolacha dizias,
mas o pacote foi mesmo só o que sobrou.
Só mais um dia,
dizias,
mas passavam-se meses
e eu à espera.

Numa eterna espera,
eterno jogo de paciência,
eu tentei pensar que havia uma justificação,
tem de haver uma razão,
nunca seria assim sem ser por alguma emergência.

Fizeste de mim doutorada
na arte de apreciar a dor.
Fizeste de mim bofetada
dada ao som de um filme de terror.

A realidade é a dura visibilidade
é a dura ausência,
a certa indiferença.

Fui coleccionando.
Mesmo sem aperceber,
coleccionei insónias olhando o ecrã,
o máximo dos teus nãos,
no máximo dos meus serões,
em eterna espera vã.

Coleccionando
toda a mínima esperança,
me focando num incerto amanhã,
e fiz de todo o sorriso dado
um sim declarado,
mas foi eterna espera vã.

Não sei porque me espanto.
Afinal tudo faz parte do mesmo canto,
já cantado outrora.
Mas a Saga continua.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Muito mais

Se eu quiser um traidor
sei onde encontrar.
Quero-te a ti,
e de traidor és exemplar.
Tua noção de leal é oposta,
te agrada o que ninguém gosta,
te atrai o que ninguém olha.

Quero não querer-te,
mas quero não perder-te.

Eu tenho de olhar atrás,
tenho de conservar os melhores momentos,
recordar que afinal foram muito bons.
Porque se não rever o que tive de melhor,
só o mal vai realçar.

O coração não sabe falar,
e o que chega à boca
é só o que a língua alcança dizer,
vai sair sempre incompleto.
Mas posso dizer
que amo-te muito mais do que sei dizer
e do que tu podes entender.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Aceitem

Somos livres, 
até de nao querer ser livres.
E eu não quero ser livre sem ti.

Não te posso amar mais, já amo demais!

Mas tu ainda podes odiar mais...

Se forçosamente

eu tivesse de ser uma palavra,
seria saudade.

Se forçosamente 

eu tivesse de ser um sentimento
seria saudade.

Porque a saudade é o que me sustenta,

o que me dá esperança.

Gosto tanto de ti que nem sei dizer,
és muito importante para mim, 
mais que um vicio, uma necessidade...
Sim porque há vícios que sabemos ultrapassar,
mas há necessidades que não dá para deixar.

 Talvez eu não diga

tudo o que queria,
mas ao menos garanto-te que sinto o que escrevo.

O silêncio incomoda-os,

faz eles obrigarem-te a dizer algo,
palavras ao ar,
só para não calar.
Porque não se dão conta,
de que também é bem desnecessário?

Aceitem o meu silêncio,
assim como eu aceito o vosso ruído!

Às vezes gostava que se pagasse para falar.

Que se pagasse para ser estúpido.
E para morrer.

Mas não,

eu é que ainda pago para me fazerem sofrer.