segunda-feira, 6 de julho de 2015

O vazio

Eu fujo,
mas é só para ir para outra prisão.
Eu sorrio,
mas só no intervalo da desilusão.

Pensei que pensar em ti seria bálsamo suficiente.
Mas não sei se aguento,
eu acho que tento,
mas o resultado é deprimente.

Olha, eu já fiz de tudo,
eu também tenho aquilo chamado limite,
o meu mundo rodou
e ele não tinha gravidade,
está tudo caído,
não esquecido,
mas desorganizado,
já não sei onde tenho o tempo guardado,
talvez o tenha esgotado...

Eu queria ser a mosca parada na parede,
a pulga do gato, que nunca te iria morder,
só para ter relativa proximidade de ti.
Mas talvez seja melhor assim,
adormecer sem sonho,
dormir sem ressono.
Dissipar as memórias que julguei inesquecíveis.
Deixar o vazio tomar conta de mim.

2 comentários:

  1. Um poema sentido e desiludido. Mas é bom começar de novo, não é?
    Beijo.

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  2. Deste teu diálogo de ti para consigo mesma que nos chega em versos é primoroso, ouso dizê-lo, um primor. Boa noite.

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