terça-feira, 4 de agosto de 2015

Com defeito












Tenho esperança no mar,
que ele me traga pedaços de ti.
Sim, milhões.

Células mortas que eu quero ressuscitar,
no mundial mar,
cheio de recordações.

Como se abundasse em saúde
decidi prolongar a dor.
Só para ela ver até onde aguentava.

Não penses que eu não estou a chorar
Mas é na garganta que está a cascada,
forte, desamparada,
então não me peças para falar.

Sou a cadelinha obediente
que não precisas pagar para treinar,
eu sei obedecer a tudo,
menos ser-te indiferente.

E embora tenha uma maldição,
talvez não seja tão grande assim.
Pois quanto menos viver, menos me arrependo,
menos sofro, menos me iludo.

As máquinas gastam-se ou vêm com defeito,
as defeituosas ao menos sabem que a reforma é para breve,
então porquê invejar as perfeitas?
Vão ser abusadas até ao extremo.

Paro de fazer planos,
afinal, tudo já é um plano!
Entupo de medicação vã,
para ao menos não piorar tão drásticamente
e manter alguma sanidade.

Sorrio, não sei quando será o último dia.
Confesso o que sinto a quem amo,
porque não posso agendar tempo para despedidas
com discursos elaborados.
Eles sabem quem são,
eles sabem quem não são.
Mas nunca é demais lembrar.
Vou tentar lembrar o máximo possível.

2 comentários:

  1. Poema muito intenso. A melancolia como um grito...
    Beijo.

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  2. Olá, muito bom seu blog :D
    Poderia visitar o meu? São de minha autoria: http://wordsbyalonelyguy.blogspot.com.br

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