segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Paz aos pedaços

Ainda era novo,

mas esquecendo-se disso,  foi abrindo todos os comprimidos,

que tal como os seus medos, não estavam vencidos.

Foram receitados com atenção,

ouvidas as recomendações, e enfim na farmácia vendidos,

na esperança de comprar paz aos pedaços.

 

O cérebro também era novo,

mas esqueceu que só tomava metade por dia,

e lá foram quinze parar ao estômago,

que em pouco tempo lhe ardia.

Esse também era novo,

e uma lavagem atempada o renovaria,

mas ele não queria ser socorrido, 

a chave era só uma e ele a tinha consigo.

Àquela hora ninguém viria,

tal como ele também não devia.

1 comentário:

  1. Inquietante e trágico o seu poema. Não podemos perder a esperança. Só ela nos ajuda.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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