Esta ilha é uma rua
onde a minha vizinha é tua,
a tua namorada é minha prima,
a minha irmã é tua cunhada
e o teu pai é meu tio-avô,
e à beira da estrada
está o meu gato, que me segue para onde vou,
mas ele sabe que eu sei voltar,
a rua é demasiado pequena
para não me saber orientar.
Não dá para ficar perdida,
nem dá para passar desapercebida,
todos sabem a tua idade
pois ninguém tem a sua vida,
a vida é comum à comunidade.
Sabem quando socorrer,
e quando se intrometer.
E se ficarem confusos optam pela última.
E quando mal recebidos chamam-te estúpida.
"É só uma rua,
não tens de ficar lá para sempre,
muda-te, mas olha que há sempre uma serpente".
Eles sabem se o teu carro tem um arranhão novo.
Chamam-lhe perspicácia.
Eles sabem, e se não sabem inventam.
Chamam-lhe audácia.
Ficam à porta do café de cerveja na mão
à espera do meu boa tarde,
mas permanecem mudos
e se não o ouvirem:
"Lá vai a arrogante"
E eu penso:
"Lá estão os surdos ou antipáticos".
Opto mais pelo último.
Sabem a que horas te deitaste:
"Aquela luz não havia forma de se apagar."
Sabem o quão bem respiraste:
"Ela foi sem máscara caminhar".
Sabem que estiveste em casa
e ainda assim não atendeste o telefone.
Sabem quem se atrasa
e quem grita com fome.
É engraçado ao inicio,
sentimos que em caso de perigo há quem socorra,
mas tudo tem prós e contras,
nem todos têm coração de bombeiro.
Há uma calmaria entre Novembro-Fevereiro,
mas ainda lhes valho,
só que o frio e o vírus também leva os cuscos ao tele-trabalho.
Tudo tem o seu tempo de rima,
que mal há em ficar uns meses sem postar?
Descansa que entre abandonar-te ou ficar
ainda opto pela última.
Onde todos se conhecem para o bem e para o mal. Gostei de a ler.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.