Já repararam que
quanto mais damos
menos direito temos a receber?
E quanto mais pedimos
menos vontade têm de nos dar?
E se só um silêncio ficar
na esperança que se lembrem de nós?
É ridículo,
mas sabes que se não for assim
somos os chatos.
Então esperamos.
Esperamos sem fé que aconteça.
Mas no fundo com esperança que nos surpreendam.
O maior ato de coragem
não é abrir o caixote do lixo
mesmo sabendo ter lá 4 baratas.
É viver à beira da margem
e sermos nós o próprio lixo
que não chegou à lixeira
porque os cães rasgaram
e agora até as formigas levam.
Resto dos restos no formigueiro coube,
e os ratos juntam-se
não importa o cheiro podre.
Assim acabo eu,
que sempre quis ser uma heroína.
Cheguei a querer ir para os bombeiros.
E inscrevi-me para os da base.
Mas queria ser uma a sério,
não a que salva um gato da árvore,
também não a que acaba no cemitério
após combate às chamas.
Queria ser uma mais duradoura,
mas que não salva só os que ama.
Não para ter alguém eternamente grato a mim,
mas para me sentir mesmo corajosa
e mais uma vez orgulhosa.
Não só quando componho
algo de que gosto.
O que não salva ninguém,
nem mesmo a mim!
Mas até o fim da vida ando à espreita,
à espera dessa oportunidade
de poder ajudar alguém,
mesmo que na verdade
eu seja a única que precisa ser resgatada.
Se não faltam motivos,
se não falta coragem,
se não faltam penhascos, rochas,
se não faltam facas,
se nem faltam drogas,
porque eu estou aqui?
Talvez por ti.
Mas e se eu te perder?
terça-feira, 22 de maio de 2018
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