terça-feira, 14 de abril de 2020

Pandemia

Feliz aquele que tirou férias no inicio do ano.
Azarado o que achava viajar este Verão.

Agora não há abraços,
não há beijos,
só emoções
e os traços
que montam smiles e corações.

Há mais amor acumulado,
se assim não fosse estaria esquecido,
então sorte a nossa
ele ser assim aquecido.

Há mais saudade acumulada
e mais valor dado a uma videochamada.
Mais consciência no toque
e a presença tanto acostumada
agora esgotou o seu stock,
quero comprar mais mas estou barrada.

Quero abraçar-te sem noção
de estar a dar-te todo o meu covid,
quero beijar-te sem noção
de estar a oferecer-te um convite
à maca e à solidão.

Mas agora há a obrigação do medo,
jamais poderá ser em segredo,
os amores mais permitidos são agora proibidos.

No meu caso pouco muda,
o meu amor será acumulado
e nunca entregue,
como um eterno medo de te passar um vírus
mesmo que sejas tu quem mo tenha passado.
Deste-me, mesmo distanciado e
por mais voltas, por mais giros
que dês à mente,
não imaginas a pandemia,
e sinceramente,
não me alivia
saber que lavar as mãos não me fará bem definitivamente...

Dantes sem medos, mandava sempre uma carta
que voltava por falta de entrega ao destinatário.
Mas, sem receio,
mandava novamente, em diferente horário,
mas seria assim eternamente,
então poupei o selo e o carteiro.

Agora continuo a escrever,
não precisas saber, só acumulo,
aquilo que no fundo,
sabes que não consigo esquecer.

2 comentários:

  1. É preciso que não falte a esperança. Gostei da melancolia do poema.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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