Dizem ser lindo.
Identificam-se com algo que,
sendo difícil de descrever,
era o que realmente sentiam.
Como uma tradução da dor.
Que doía e não sabiam,
mas ao ler entendiam
que o amor
estava desperdiçado.
Dizem ser lindo,
ser talento,
juntar palavras para falar das dores,
como fazemos com os doutores,
o que também podem ser palavras ao vento.
A tradutora não é doutora,
ela não sabe curas,
nem sabe se quer ser curada.
Ela só traduz, não faz mais nada!
Vale a pena sofrer
para saber traduzir
o que outros gostarão de ler?
Mais vale fingir,
sem dar a perceber,
tirando ideias de traduções passadas,
tristezas arrumadas,
mofadas.
Ou essas são notadas
e então não apreciadas?
A tristeza tem vindo
e em vez de nos fazermos de mortos,
a abraçamos,
queremos saber quem é,
adicionar no facebook,
convidamos para tomar café,
admiramos o seu look,
falamos de casamento
e de filhos até.
Sim vários caberão na tradução,
vários são os corações que anseiam
o click para agir
de acordo com um post, aposto.
Aí entra a responsabilidade.
A distância da ponta da ponte
ao fundo do oceano é um passo.
E que ideia eu passo?
A de quem se suicidará em breve?
Não me conhecem.
Eu estou em constante reconstrução da ponte.
O forte é esse.
O que usa martelo e pregos,
não o que usa haltéres.
Sou assim, não me alteres.
Usa t-shirt, assim não arregaças as mangas.
E nada de traduções livres.
Gosto das literais,
não me venham com tangas.
Sei muito bem quando me tentam enganar
com traduções ao lado.
Não dêem uma de Google
que acha que tudo compra,
que é tradutor.
Inteligência artificial hã?
Mas não entende nem investiga
os motivos do autor.
Uma boa tradução tem muito que se lhe diga,
ainda mais quando se trata de amor.
terça-feira, 10 de março de 2020
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