sábado, 1 de outubro de 2011

Gota

Olho o espelho.
Não reconheço a minha cara.
Um rosto velho,
pele muito clara,
olhos tristes
com lágrima que não pára,
mas não sei justificá-la
então fico a olhá-la,
tento me lembrar o que aconteceu,
acho que ninguém querido me morreu.
Que estás fazendo gota rebelde?
Vais secar sem necessidade,
grita-me porque sais,
diz, com verdade,
onde pensas que vais?
Se me apegasse a ti
como a alguns
muitas mais como tu saíriam,
e o ciclo viciaria,
ainda bem que me és indiferente,
urina dos meus olhos
tão desnecessária agora,
não tenho lenços
suficientes para te limpar,
então corre, vais-te fartar,
acabar por me desidratar.

Não penso em nada,
tento ser alguém normal,
mas a malvada
me deixa mal,
precisa ser castigada,
não cessa nem na madrugada,
me deixa a cara inchada,
me deixa rebentada da boca
e ainda me dá fama de louca.

1 comentário:

  1. Lindíssimo!
    Estás a melhorar o teu estilo, embora ache, quase sempre, os teus poemas bons.

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