sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Veremos

Esqueci-me que não gostas de poemas,
então fiz um enorme para te dar,
também esquecendo que me queres apenas
como alguém para nas tardes de sol passear.
Dou-te na mesma,
se quiseres rasga-o tu,
é um verbo tão teu este,
minha vida era uma resma,
agora simples folha A7.

Escrevi como se não tivesse mais que fazer,
ignorando a fome e o sono,
e o relógio é apressado e intolerante,
mas me fez esquecer
o que é mais urgente,
o que deixou de ser tão importante.
Tudo em vão?
Até que não.

Ao te entregar quiseste ler,
ao início sem nada entender,
mas terminaste em lágrimas.
Me abraças-te e soluças-te:
"Agora gosto de poemas".

Oh que bom ouvir isso,
atingi a tua sensibilidade,
tantos anos de convivência,
nunca soubeste ser verdade,
porquê essas lágrimas?
Lamentas tua burrice?
Não sei, mesmo assim,
nesse momento me lembrei
que o que te queria escrever
era que vou apagar tudo,
como se nunca te tivesse conhecido,
recomeçar a viver
como se nunca tivesse vivido,
com o atalho certo na testa,
decepando coisas como tu,
mas nesse momento tudo que não presta,
não se deixa cortar,
e é isto, viver é lutar
com nós mesmos,
e dos dois um há-de ganhar,
lado bom, lado mau,
veremos.

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