quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

15-12-2009


O dia acabou seu turno
e a noite no seu retorno
deixa escapar um voo nocturno,
um vento que eu amorno,
numa asa de morcego
que deixa a parede mais surda,
o chão mais cego
e a tv menos muda.

Frio que eu não sinto,
mas faz-me tremer,
mentira que não minto
e faz-me perceber
este cheiro a tragédia,
que meu nariz não conhece
esta ausência de comédia,
este drama sem romance,
que origina filas de reza
de muitos crentes desiludidos
que só quando a vida pesa
exigem ser ouvidos.

Luzes de rua natalícias,
que animavam a festa, para muitos santa,
agora fazem parte das agonias
deste povo que água ja tinham "bastanta"
pois no nome da freguesia.

Lares totalmente destruidos,
bens roubados pla invejosa água,
Agualva com seus corações feridos
busca na família cura para a mágoa.

Tantas coisas raras na vida,
coisas intensas para viver,
e só quando parece vir a hora da partida
nos apetece sobreviver.

Grande fenómeno que só crê
o individuo que a tragédia vê
o flutuar de congeladores e viaturas,
morte de animais e danos nas agriculturas.

Dia negro marcado no mês colorido
o fim do mundo para muitos fez sentido
dia 15 sempre será dia lembrado
nesta ilha, por todo o lado.

2 comentários:

  1. "que origina filas de reza
    de muitos crentes desiludidos
    que só quando a vida pesa
    exigem ser ouvidos"

    Olá, eu nao te conheço de lado nenhum, nem sei quem és, mas adorei este teu poema, e esta parte que retirei foi a que mais me chamou a atençao, estas palavras dizem tudo! Estava á procura de informaçao pk tenho amigos da terceira e nao exitei exitei em mandar-lhes o poema. parabens!

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  2. Um dia que será lembrado para sempre!
    Está muito bom, adorei.
    Marco Coelho.

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