A lágrima enrola
naquele que é o cúmulo
de coração trémulo.
É cedo para ter longe.
Cedo para dar o último beijo,
sussurrar o último amo-te.
Cedo para ficar sem a base,
sem a alegria contagiante,
o pilar da casa.
A autoridade,
que tanto chateou
agora implora-se
que fique para sempre.
O sorriso triste implora-se que saia,
a dor funda,
o nó de lágrimas engolidas
para não verem chorar.
Revestir de ferro
e ternura, para confortar,
mas dentro em pedaços.
Sentimento de estar a perder o chão.
Ter alguém na frente
e saber que em breve só estará na mente
é deprimente,
impossível de se aguentar sozinho.
É isso que quero dizer,
que vamos passar por cima.
Flores.
Imensas flores.
Pra quê?
Ela não consegue ver nem uma delas.
Mas recebe-as como nunca na vida.
Rostos paralisados ou com caretas
próprias de quem não consegue controlar o choro,
acompanham a cena mais desnecessária
que um humano tem de assistir.
Perder os dois tão cedo é demais,
desculpa, mas tenho ainda os dois pais,
e posso partilhar contigo,
mas não é suficiente.
De qualquer forma posso ser mais,
embora saiba que tens por onde te poder virar,
deixa que eu também possa te amparar.
Se ser mãe é cuidar
cuidarei,
se é aconselhar,
farei,
se é preocupar,
já faço,
se é amar,
já faço há muito,
se é perdoar,
faço sempre.
Também posso fazer comida,
aconchegar os cobertores.
É uma necessidade minha
cobrir as tuas necessidades.
Estou aqui,
não vou fugir,
não por minha iniciativa.
domingo, 19 de outubro de 2014
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