Consigo ver pouco sem os meus olhos,
mas consigo ver ainda a tua sombra.
Não é algo visível na verdade,
mas é algo que dá saudade.
O cheiro do teu olfacto
me faz sentir um artefacto,
mas não preciso ouvir o não certo,
não preciso fazer descer o tecto.
A luz é fraca
ela pouco ilumina,
também para quê iluminar esta ruína?
O cheiro de sangue nas cordas
recorda-me a todas as horas
o eu nº 1,
e agora estando no 1040
passo pelos meus eus
e os cumprimento.
Na verdade muitas coisas lamento,
mas isso não garante não as repetir,
eu sou mero vento,
que sopra e faz os outros cair,
sou vento cego
que trás areia para os olhos.
Até os meus!
Preciso comprar vento e engoli-lo,
criar um tsunami no interior,
que limpe o que as lágrimas não sabem limpar,
que grite o que a boca não sabe gritar.
E as cordas atadas nos pulsos
jamais irei dizer que apertam,
porque na verdade elas só me impedem
de ceder aos impulsos.
domingo, 9 de dezembro de 2012
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