segunda-feira, 21 de março de 2011

Metade

Metade da vida foi excluída,
metade falta ser vivida,
há sempre um momento na vida,
em que nos apetece parar a corrida,
hibernar, desaparecer,
deixar tudo, para parar de sofrer.
Quanta covardia!
Já não sei o que é desistir hoje em dia,
alguns talvez achem que desisto,
mas não do que mais quero,
e não conta isso,
o que não nos parece importante já,
para nossa realização é necessário um lado B ou A.
Cada um escolhe o lado que quer,
e são de veras distintos,
e nunca se deve esquecer:
os alimentos mais calóricos são os mais atrativos,
escolher o lado mais fácil
nem sempre é o mais saboroso, nem sempre honesto
já vi passar dias mil,
falta ver passar o resto.
Grande futuro me espera,
ou sou eu que o espero?
Seca! Vem logo!
Pior momento é mesmo a fase de viragem,
depois é só deixar ir esta carruagem,
mas com rumo,
não à deriva,
sei, não fumo,
mas vejo a chama viva,
uma esperança infinita,
uma força esquisita,
mesmo perante grandes obstáculos,
e o ar que rejeita-me os pulmões,
eu acho sempre algum O2,
alguma sorte míope e com calos
que cala a tristeza,
cala a fadiga.
Não estou só nisto de certeza,
dou voltas sozinha
mas não fico tonta,
nem sempre ando na linha,
mas quem o dedo me aponta?
Alguém pior ou como eu?

Metade de si talvez se veja em mim,
são grandes objectivos de um poeta,
se consigo é assim
fico feliz em saber,
a única sofrendo
neste mundo não ser,
mesmo que já sabendo.

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