sábado, 5 de janeiro de 2013

Poço

Fizeste uma operação plástica à personalidade,
gradualmente te quiseste parecer
a quem tem muita superioridade,
e no entanto isso te faz para mim mais inferior.
Mais arrogante, com mais indiferença para dar.

Fazes-me sentir no fundo do poço,
escuro e estreito.
Fazes-me ouvir a desilusão que não ouço,
mas sem querer espreito.
Talvez não mude,
afinal tudo já mudou,
e não poderá recuar.
No poço eu fico,
o resto avançou,
e não poderão recuar.
Muito menos eu poderei escalar,
talvez eu queira apodrecer aqui.
Aqui sou poupada de ver a tragédia.
Pode nascer o sol,
cá em baixo não vou notar.

A melhor parte de ser esquecido
é já não poder ser odiado.

Deixa-me só no poço.
Posso cá estar não posso?

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