quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Autopsia

Não sei como este coração não pára,
mas quando ele quiser parar, vê a autopsia.
Afasta esses pulmões doentes
e vê o órgão que, agora morto,
se acelerou ao pensar em ti,
se acalmou ao ver tua face,
se alegrou ao ouvir tua voz.

Vê agora os olhos escondidos nas pálpebras,
estes que de raiva de ti já choraram,
mas logo de saudade tuas se esvaziaram.

E parte o crânio e espreita o cérebro,
que já latejou de enxaqueca de pensar em nós,
aquele que me faz consciente de todos os nervos afetados.

Vê os ouvidos que ainda têm as tuas palavras
deslizando no labirinto,
toca os frios dedos que se aqueceram tocando para ti,
os mesmos que escreveram poemas
para fazer de músicas canções.

Agora tapa o corpo,
esse já se sabem as causas da morte,
meu cérebro não foi preparado
para viver neste sistema,
nem para funcionar com uma dúzia de suplementos,
ele precisa de pessoas, sim de ti também.

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