sábado, 14 de abril de 2012

Imagino

Imagino que sou uma música,
composta por alguém que não ganhou fama,
não é rock, não é clássica,
mas até o Coda tem muito drama.
Depois há a obrigação da Repetição,
e mesmo no fim da pauta uma eterna Suspensão.
E os olhos fitam o maestro
e os braços dele de aguentar já se fatigam,
falta uma nota para o resto,
mas o resto não foi escrito!
E neste concerto não houve ensaio,
não houve estudo prévio da pauta!
"É hora de improvisar",
pensou a 1ª flauta,
e quebrou o silêncio, desrespeitando maestro e autor,
mas o público não conhecia a peça original,
aplaudiu e gritou que era genial.

Há pessoas que não sabem quem sou,
as pessoas acreditam nos rumores que ouvem
e nos mal-entendidos que veêm.
Pessoas não sabem onde estou,
pensam que emigrei
ou que já me casei.
Elas preocupam-se tanto,
pena eu não me preocupar com elas.

Imagino um prego
ser pregado no meu peito,
imagino porque parece,
e meu sangue fica negro
eu já não vejo direito,
não vejo o que não me aparece.

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