sábado, 28 de abril de 2012

Carícias

As folhas querem cair,
porque eu as impediria?
Se nem a ti proíbo de ir,
para outra terra fria.

As aves querem fugir,
porque eu as aprisionaria?
Nem a ti conseguiria,
nem que estivesses a dormir.

As plantas querem abanar,
porque eu calaria o vento,
se também não paro de gritar
toda a vez que calar-me tento?

Vou sair também,
esquecer tudo um pouco,
esquecer que ninguém
está interessado em dar-me repouso.
Partilhar com a chuva
as minhas lágrimas,
quem resta senão ela, senhora de idade?
Conto à chuva
piadas parvas,
mesmo sem nenhuma qualidade.
Molho-a,
talvez eu esteja a chorar de felicidade,
Vejo-a,
em partículas redondas,
leves e gordas.
Toco-a,
ela morre nos meus dedos,
acho que já destruí o que de mim existia.
O vento dá-me arrepios,
então dispo o casaco inútil que vestia,
e deito-me numa poça,
Teus pingos são carícias,
cuidam de mim até adormecer aqui,
mais gelada não posso estar,
amanhã mais doente não poderei ficar,
mas os momentos com os melhores amigos
valem todos os perigos.

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