quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quarteto

Quarteto da solidão
com cravelhas partidas
toca pianíssimo.
É em vão,
mas assim ficam treinadas
as mãos de alguém que estimo.

É triste ouvir,
é muito triste não ouvir,
então eu sento e escuto.
As lágrimas a cair
e eu nem as seguro,
não tento faze-las não sair.
Deixa-as fugir já que eu não posso.

Eu fico a ouvir,
mas não existem harmonias,
não existem partituras,
mas as insónias
dão-me para fazer destas figuras.

Se as cordas se quebrarem
não parem, continuem,
eu seguirei a música mentalmente convosco,
mas sem maestro vocês valem pouco.

Quarteto de lágrimas.
Pizzicato, para quê um arco?
Soluço que nem um sapo no charco.
E agora para que servem as rimas?
Constrói um barco,
põe fora as mágoas que já não estimas,
e rema, o vento há-de guiar-te.
Enquanto viajas pensa na partitura
que um dia pensei em dar-te,
mas fica para outra altura.

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