domingo, 25 de dezembro de 2011

Medos

Não dá para entender,
não é para entender,
para quê continuar no esforço?
Perder tempo
é algo para o qual não tenho tempo.

Quais os sapatos mais confortaveis?
Preciso de os calçar e correr para muito longe,
nem o mar é limite, são sítios imagináveis,
preciso desses sapatos imaginários,
e debruçar-me sobre a ponte
olhando o vazio tão cheio de amargo horizonte
de cordas quebradas todas ao monte,
um monte que não tem nome.

Meus dedos infinitos
desenham na areia traços bonitos
que nada significam
pois se significassem tornariam-se feios,
então se ninguém entender
também não os poderá julgar.

Preciso esquecer tanto,
preciso lembrar muito também.
Sinto-me esgotada, exausta,
devo ser uma fraca bolacha esmigalhada,
formigas vão levar-me e aos poucos devorar,
quem me mandou ser tão doce?
Veias espalhadas
fazem cair o vómito e a tosse,
pesadelos em fila de espera
desesperam e já nem o jornal lhes é distrativo.
Preciso de vibrato, preciso, e forte!
Não são permitidas pausas,
só se forem de semi-fusas,
senão tornar-se-iam confusas,
e para esse adjectivo estou cá eu.
Ai se eu podesse compôr
uma música de amor
seria moderato ou allegro com muitos crescendos,
e já a compus, mas surgem medos
e medos não precisam fugir,
porque tu não a mereces ouvir.

2 comentários:

  1. Esta é uma ponte um pouco assustadora em que a nossa posição se torna incompreendida e desajustada.
    Talvez seja necessário calçar uns sapatos mais fortes e confortáveis.
    Finalmente reaprender a caminhar abrindo-nos à luz do conhecimento para não nos deixarmos vencer nesse medo destruidor.

    Bom Ano de 2012

    ResponderEliminar
  2. Um voo magoado, de asas partida percorre o poema...
    Talvez um novo olhar, no verde liso da esperança, agora que um novo ano começa.

    Um 2O12 pleno de Poesia

    L.B.

    ResponderEliminar